Ministro diz que governo não tem medo de greve. Servidores do Judiciário e policiais ameaçam parar caso não recebam reajuste. Para Paulo Bernardo, é “inacreditável” votar projetos com impacto estimado em R$ 50 bi sem olhar Orçamento - Folha de S. Paulo - 19/11/2010
O ministro Paulo Bernardo (Planejamento) afirmou ontem que o governo não teme as greves no Judiciário Federal e eventuais paralisações das polícias em diversos Estados no começo do governo Dilma Rousseff. As duas categorias lutam pela inclusão de aumentos de salários no Orçamento 2011. Os servidores da Justiça iniciaram anteontem paralisações em sete Estados. A polícia ameaça parar também caso a PEC 300, que trata de reajuste salariais dos policiais, não seja aprovada. “Aqui ninguém tem medo de greve. Surgimos na vida fazendo greve. Então não temos problema em dialogar com os trabalhadores”, disse Bernardo, que se diz contrário aos aumentos pelo alto impacto no Orçamento. O custo do plano de salários do Judiciário é estimado em R$ 7 bilhões; o da PEC 300, em R$ 43 bilhões.
“Acho inacreditável votar uma coisa que tem esse impacto sem olhar os orçamentos e se [os Estados] têm dinheiro para arcar com isso.”
POLÍCIA
Representantes da Polícia Militar de 23 Estados vão à Câmara dos Deputados, na próxima terça-feira, para cobrar a votação da PEC 300. Caso a reivindicação seja negada, há uma “disposição grande” para iniciar uma greve, afirma Leonel Lucas, presidente nacional da Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiros Militares do Brasil.
“Aliados do governo prometeram que, se a Dilma ganhasse a eleição, a PEC seria votada ainda neste ano, mas agora estão enrolando.”
A categoria defende um piso nacional de R$ 3.500 -valor bem acima dos atuais R$ 1.150 e R$ 1.200 pagos, respectivamente, no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro. Se a medida for aprovada no Congresso, caberá ao Executivo criar um fundo destinado a Estados incapazes de arcar com a despesa extra. O governo de Mato Grosso do Sul afirma que a aprovação da PEC pode prejudicar o cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Em Minas, o governo calcula um impacto de R$ 2,6 bilhões ao ano no orçamento.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - É mais pura bravata e hipocrisia ao igualar reajustes no Judiciário e na Polícia. O Poder Executivo só consegue impedir reajustes de salários de seus próprios servidores, mas tem capitulado diante da pressão do STF e do Congresso Nacional para salários estratosféricos que causam rombos no orçamento geral e no orçamento destinado a estes privilegiados poderes.
Para estes poderes, não vale nada o dispositivo original da constituição federal aprovado por uma constituinte que prevê limitações impostas pelo artigo 37, inciso XII. Este texto foi remendado para atender privilégios e aumentar a desarmonia, a desigualdade e as distorções salariais entre os Poderes de Estado.
Interesses pessoais e corporativos alterando leis, desrespeito ao teto previsto, disparidades entre o maior e o menor salário, discriminação entre cargos assemelhados e discrepâncias no pagamento de salários, subsídios e vantagens discriminam os servidores públicos, afrontam princípios republicanos, estimulam desarmonia, criam divergências, alimentam conflitos e promovem privilégios a uma oligarquia no serviço público.
Ministro Carlos Ayres Britto, presidente do STF ao cassar uma liminar que impedia a publicação de forma individualizada das remunerações.
sábado, 20 de novembro de 2010
terça-feira, 16 de novembro de 2010
ENCONTRO COM A REALIDADE
ENCONTRO COM A REALIDADE - PÁGINA 10, ROSANE DE OLIVEIRA, Zero Hora, 15/11/2010
Passado o feriadão, a presidente eleita Dilma Rousseff terá de encarar a partir de amanhã um tema que o presidente Lula adiou para depois da eleição e que o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, trouxe à tona em tom de alerta. Trata-se do aumento de 56% pretendido pelos tribunais superiores para seus funcionários e da correção do subsídio de ministro do Supremo Tribunal Federal, que fará o teto subir de R$ 26,7 mil para R$ 30,6 mil.
Antes da eleição, Lula foi pressionado pelos presidentes do STF, Cezar Peluso, e do TSE, Ricardo Lewandowski, a dar sinal verde para o aumento. O presidente não concordou. Disse que iria submeter o pedido a quem se elegesse para sucedê-lo.
Enquanto Dilma estava na Coreia, Paulo Bernardo classificou o pedido de aumento de 56% como um delírio e irritou Peluso. O ministro tem duas razões de peso para pensar assim. Primeiro, o custo do aumento. São, pelas contas dos técnicos do Planejamento, R$ 7,2 bilhões anuais para os servidores do Judiciário federal. Também pelas contas do Planejamento, 60% dos servidores dos tribunais superiores já ganham acima do teto.
– Não é justo dar um aumento desses para quem está no topo da pirâmide salarial, enquanto falta dinheiro para tantas coisas mais urgentes – avalia Paulo Bernardo.
Como os ministros pleiteiam aumento de 14,7% para os próprios salários, se passarem a ganhar R$ 30,6 mil esse será o teto nacional e provocará uma série de reajustes em cascata. O Rio Grande do Sul é um caso raro em que o aumento do subsídio dos magistrados e membros do Ministério Público não é automático. Se subir o teto, começarão as pressões pelo reajuste no Estado.
Junto com o aumento para o Judiciário, discute-se também a correção da remuneração de deputados, senadores, ministros e da presidente. Dilma já disse que é a favor do aumento para os ministros, porque é difícil encontrar pessoas qualificadas com o que se paga no Executivo. Essa é uma queixa antiga dos presidentes, que compensam os ministros com os jetons pagos para integrar conselhos de estatais.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - O STF e o Congresso Nacional desrespeitam a constituição brasileira ao violar o inciso XII do artigo 37 que veda vencimentos superiores aos pagos pelo Poder Executivo. Como podem governar uma nação, poderes que não cumprem a carta maior do país assinada por uma constituite? Até onde vai a ganância que viola dispositivo constitucional? De onde sairá o dinheiro público para pagar salário extravagante e discriminador em relação aos salários pagos para os cargos do Executivo, entre eles o do presidente da República? Como o Poder Judiciário conseguirá a capacidade em juízes para atender a crescente demanda pagando altos salários para cargos iniciais? Até onde o Congresso consumirá altos orçamentos para pagar um número abusivo de parlamentares, funcionários e terceirizados que labutam no Congresso? Quem paga a conta é o povo com impostos e mais impostos.
Passado o feriadão, a presidente eleita Dilma Rousseff terá de encarar a partir de amanhã um tema que o presidente Lula adiou para depois da eleição e que o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, trouxe à tona em tom de alerta. Trata-se do aumento de 56% pretendido pelos tribunais superiores para seus funcionários e da correção do subsídio de ministro do Supremo Tribunal Federal, que fará o teto subir de R$ 26,7 mil para R$ 30,6 mil.
Antes da eleição, Lula foi pressionado pelos presidentes do STF, Cezar Peluso, e do TSE, Ricardo Lewandowski, a dar sinal verde para o aumento. O presidente não concordou. Disse que iria submeter o pedido a quem se elegesse para sucedê-lo.
Enquanto Dilma estava na Coreia, Paulo Bernardo classificou o pedido de aumento de 56% como um delírio e irritou Peluso. O ministro tem duas razões de peso para pensar assim. Primeiro, o custo do aumento. São, pelas contas dos técnicos do Planejamento, R$ 7,2 bilhões anuais para os servidores do Judiciário federal. Também pelas contas do Planejamento, 60% dos servidores dos tribunais superiores já ganham acima do teto.
– Não é justo dar um aumento desses para quem está no topo da pirâmide salarial, enquanto falta dinheiro para tantas coisas mais urgentes – avalia Paulo Bernardo.
Como os ministros pleiteiam aumento de 14,7% para os próprios salários, se passarem a ganhar R$ 30,6 mil esse será o teto nacional e provocará uma série de reajustes em cascata. O Rio Grande do Sul é um caso raro em que o aumento do subsídio dos magistrados e membros do Ministério Público não é automático. Se subir o teto, começarão as pressões pelo reajuste no Estado.
Junto com o aumento para o Judiciário, discute-se também a correção da remuneração de deputados, senadores, ministros e da presidente. Dilma já disse que é a favor do aumento para os ministros, porque é difícil encontrar pessoas qualificadas com o que se paga no Executivo. Essa é uma queixa antiga dos presidentes, que compensam os ministros com os jetons pagos para integrar conselhos de estatais.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - O STF e o Congresso Nacional desrespeitam a constituição brasileira ao violar o inciso XII do artigo 37 que veda vencimentos superiores aos pagos pelo Poder Executivo. Como podem governar uma nação, poderes que não cumprem a carta maior do país assinada por uma constituite? Até onde vai a ganância que viola dispositivo constitucional? De onde sairá o dinheiro público para pagar salário extravagante e discriminador em relação aos salários pagos para os cargos do Executivo, entre eles o do presidente da República? Como o Poder Judiciário conseguirá a capacidade em juízes para atender a crescente demanda pagando altos salários para cargos iniciais? Até onde o Congresso consumirá altos orçamentos para pagar um número abusivo de parlamentares, funcionários e terceirizados que labutam no Congresso? Quem paga a conta é o povo com impostos e mais impostos.
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
EM CAUSA PRÓPRIA
EM CAUSA PRÓPRIA - Editorial Zero Hora 10/11/2010
A intenção manifestada por deputados federais e senadores que, depois de um longo recesso branco em consequência da campanha eleitoral, já se mobilizam em favor de reajuste no próprio salário e no da presidente eleita, Dilma Rousseff, é preocupante num país em que se espera justamente o contrário: um freio nos gastos do setor público. O pacote de benesses pretendido pelos parlamentares começa a ser debatido no momento em que a presidente eleita orientou sua equipe de transição a tentar barrar no Congresso reajustes para o funcionalismo que impliquem rombo no orçamento do próximo ano. Seria um contrassenso se o próximo governo, cuja proposta saiu vitoriosa depois de uma das mais acirradas campanhas presidenciais, viesse a se instalar com uma sinalização de excesso de gastos direcionados não a serviços públicos, mas ao custeio da já onerosa máquina administrativa.
Não há como ignorar a existência de discrepâncias nos vencimentos pagos nos diferentes poderes e mesmo entre integrantes do primeiro escalão do Executivo. A remuneração bruta de quem ocupa a Presidência da República é de R$ 11.420,21, pouco superior à de ministro de Estado, de R$ 10.748,43, e inferior à de deputado e senador, de R$ 16.512,09. Ainda que não haja referência a percentuais neste momento, a pretensão dos defensores da revisão salarial é alcançar o patamar de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), de R$ 26.723,13. A questão é que, além de intempestiva, num momento de troca de governo, uma elevação nesses níveis, num país em que o salário mínimo se restringe a R$ 510,00, impactaria as contas em todas as instâncias da federação, em consequência do chamado efeito cascata.
Pela Constituição, um deputado estadual pode receber até 75% do salário de deputado federal. Já os vereadores têm direito a algo entre 20% e 75% dos ganhos dos deputados estaduais. O agravante é que, quando a remuneração sobe em âmbito federal, o repasse costuma ocorrer de forma quase automática em Estados e municípios, mesmo naqueles em que o caixa do setor público enfrenta uma situação de desequilíbrio e inclusive de penúria.
Certamente, há alguma coisa errada quando o salário da presidência da República – o mais alto posto público do país – equivale a muito menos da metade do desembolsado para ministro do STF. Da mesma forma, nunca haverá um momento que possa ser considerado mais adequado para revisar os ganhos do primeiro escalão dos três poderes. Mas o período correto não deveria ser o de transição de um governo para outro, quando o que a sociedade espera é urgência na melhoria dos serviços prestados na esfera governamental. Num país às voltas com a ameaça de elevação na carga de impostos para contemplar a saúde pública, com o ressurgimento da CPMF, é inadmissível que o aumento nos vencimentos do primeiro escalão dos três poderes possa ser considerado prioridade nacional.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Relativo à indagação deste editorial - "o salário da presidência da República – o mais alto posto público do país – equivale a muito menos da metade do desembolsado para ministro do STF" - pergunto: Por que a Justiça não aplica e o Congresso não cumpre o texto original do dispositivo constitucional do inciso XII do artigo 37 que prevê: " Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Executivo."
LEI NÃO CUMPRIDA, PODERES DESACREDITADOS E NAÇÃO PERDIDA. BOM PARA OS OPORTUNISTAS, REBELDES, BANDIDOS E JUSTICEIROS.
"Uma nação perdida, não é aquela que perdeu um governo, mas a que perdeu a lei. A distorção da lei não significa a sua inexistência; significa que existe a lei, mas ela não é aplicada. Assim, é como se não houvesse lei." Thomas Cleary, As lições dos mestres chineses na visão de um ocidental (Edit. Saraiva, 1994)
"Se o governante é correto, ao povo honesto caberá responsabilidade e os desleais se esconderão. Se o governante não é correto, os maus ganharão força e os honrados ficarão na sombra." Thomas Cleary, As lições dos mestres chineses na visão de um ocidental (Edit. Saraiva, 1994)
"Uma nação sem justiça perece, mesmo que seja grande." Thomas Cleary, As lições dos mestres chineses na visão de um ocidental (Edit. Saraiva, 1994)
"Governo é a resultante da interação dos três Poderes de Estado - Legislativo, Executivo e Judiciário. O poder estatal é uno e indivisível." Hely Lopes Meirelles (Direito Adm Brasileiro, 25 edi. Malheiros Edit.2000)
OS PRIVILEGIADOS - ORÇAMENTO PREVÊ REAJUSTE SALARIAL PARA STF E CONGRESSISTAS
Orçamento prevê reajustes para STF e congressistas - Wilson Dias/ABr, FOLHA ONLINE,09/11/2010
A portas fechadas, Bernardo e Gim analisaram os 'abacaxis' do Orçamento de 2011
Relator do Orçamento da União de 2011, o senador Gim Argello (PTB-DF) revelou, em privado, que vai incluir no texto um mimo ao STF.
Pretende reservar um pedaço da receita –algo como R$ 200 milhões— para custear um aumento salarial dos ministros do Supremo.
Em projeto enviado ao Congresso, o STF propôs que os vencimentos de seus ministros fossem elevados dos atuais R$ 26,7 mil para R$ 30,6 mil mensais.
Argello cogita conceder um aumento menor. Os ministros passariam a receber algo como R$ 28 mil, novo teto remuneratório do serviço público.
A ideia de Argello é estender o reajuste aos deputados e senadores, cujos vencimentos saltariam de R$ 16,5 mil para os mesmos R$ 28 mil pagos ao STF.
Pretende-se abrir a possibilidade para que Dilma Rousseff também receba os R$ 28 mil mensais. Hoje, o salário do presidente da República é de R$ 11,4 mil.
Na fórmula idealizada por Argello, caberia à própria Dilma a última palavra sobre seus vencimentos.
Depois de tomar posse, em janeiro, ela teria de assinar um decreto oficializando o novo valor de seu próprio contracheque.
As intenções de Argello foram comunicadas ao ministro Paulo Bernardo (Planejamento), num encontro que tiveram no Senado (foto).
Continua sem solução, porém, uma segunda demanda do Supremo. O tribunal reivindica aumento de 56% aos servidores da Justiça Federal.
O Planejamento orçou a encrenca em R$ 6,4 bilhões anuais. O que levou o ministro Bernardo a tachar os pretendidos 56% como algo "meio delirante".
Não há no Orçamento dinheiro disponível para a concessão desse aumento. O presidente do STF, Cezar Peluso, já esteve no Congresso para tratar do tema.
Deu-se antes do início do recesso branco do Legislativo, que manteve os parlamentares longe de Brasília durante o processo eleitoral.
Em diálogos com os presidentes do Senado, José Sarney, e da Câmara, Michel Temer, Peluzo se dispôs a aceitar o parcelamento do reajuste dos servidores.
Antes de viajar para Seul, na noite de segunda (8), Dilma discutiu o "abacaxi" com integrantes do gabinete de transição e ministros de Lula.
Nessa reunião, concluiu-se que o melhor seria negar os 56% ao funcionalismo da Justiça. Resta saber se conseguirão deter a pressão do STF.
De resto, continua em aberto o valor do salário mínimo que vai vigorar em 2011. Por ora, encontra-se sobre a mesa a cifra de R$ 540.
Dilma revelou a disposição de conceder um valor mais alto. Mas não está claro como isso será feito sem alterar a fórmula de reajuste prevista em lei.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - QUE REPÚBLICA É ESTA? OS MEMBROS DOS PODERES DE ESTADO DA REPÚBLICA DO BRASIL ESTÃO SE AGINDO E SE PORTANDO COMO OS NOBRES FRANCESES DO TEMPO DE LUIZ XIV E CORTE DE VERSALHES, ONDE OS PRIVILÉGIOS IAM APENAS PARA OS NOBRES E SOBRAVAM PARA O POVO O TRABALHO, A INSEGURANÇA, A MISÉRIA, A FOME E A PESTE.
Para quem não recorda, a Corte de Versalhes foi o centro do poder do Antigo Regime na França de 1682, sob o reinado de Luiz XIV. O palácio foi deslocado de Paris para ficar longe dos olhos do povo. A comparação com Brasília, lugar não é mera coincidência.
Assinar:
Postagens (Atom)