- "Remuneração dos agentes públicos constitui informação de interesse coletivo ou geral."
Ministro Carlos Ayres Britto, presidente do STF ao cassar uma liminar que impedia a publicação de forma individualizada das remunerações.

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

CONSTRANGEDOR - SALÁRIO MÍNIMO FIXADO EM R$ 540


SEM ALTA REAL. Lula fixa mínimo em R$ 540. Criticado por centrais sindicais, valor do piso salarial confirmado nesta quinta-feira não compromete contas da Previdência - ZERO HORA, 31/12/2010.

Um dos últimos atos de Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência será a fixação do salário mínimo em R$ 540 a partir deste sábado. A medida provisória foi assinada na quinta-feira para ser publicada no Diário Oficial da União de sexta, disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Adecisão, porém, não deverá encerrar a polêmica em torno do aumento, já que a MP será discutida pelo Congresso, que poderá alterá-la, embora tenha aprovado o valor semana passada na votação do Orçamento para 2011. O piso de R$ 540 representa a reposição da inflação, alta de 5,88%, e é criticado pelas centrais sindicais.

Deputado eleito pelo PDT de São Paulo, o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, já anunciou que fará uma emenda à MP, elevando o valor para R$ 580. Vai também propor o reajuste das aposentadorias acima do mínimo em 10%. O presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, informou que as centrais têm três representantes no Congresso. Além de Paulinho, estarão lá Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, eleito pelo PT de São Paulo e ligado à Central Única dos Trabalhadores (CUT), e Roberto Santiago (PV-SP), vice-presidente da UGT.

– É um tripé que funciona sintonizado – disse Patah.

A presidente eleita, Dilma Rousseff, chegou a sinalizar que aceitaria valor maior. Seria necessário, porém, acordo para que parte do reajuste fosse descontada do aumento de 2012, quando o ganho será calculado com base no crescimento da economia em 2010, que deverá superar 7%.

Segundo Mantega, entretanto, a definição desse valor é positiva para a economia, porque evita um aumento muito forte no déficit da Previdência e preserva o poder de compra do piso salarial do país, que, segundo ele, teve o maior crescimento da história nos últimos oito anos.

Em sua última fala em cadeia de rádio e TV como presidente, Lula afirmou que o mínimo no seu governo teve ganho real de 67%. De 2003 a 2010, porém, teve oito reajustes – 53,5% acima da inflação acumulada.

EVOLUÇÃO DOS SALÁRIOS DO POVO E DOS DEPUTADOS

2003 - R$ 240,00
2004 - R$ 260,00
2005 - R$ 300,00
2006 - R$ 350,00
2007 - R$ 380,00
2008 - R$ 415,00
2009 - R$ 465,00 - R$ 16.512,00 Deputado
2010 - R$ 510,00 - R$ 26.723,13 Deputado

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - No momento em que os salários dos deputados, senadores, ministros de Estado, presidente e vice-presidente da República foram reajustados para R$ 26,7 mil, um aumento de 61,8%, com reflexo cascata nos Estados e Municípios, o salário mínimo é fixado em apenas R$ 540, o que representa apenas a reposição da inflação. De 2003 a 2010, o salário mínimo teve oito reajustes - um ganho real de 53,5%. Esta é a República das desigualdades, da discriminação salarial, dos senhores feudais, da aristocracia legislativa e judicial, da desarmonia, das divergências, das desordens e da insegurança jurídica e judiciária.

"Os R$ 540 não trarão uma pressão tão grande na previdência, o que nos ajuda no equilíbrio fiscal" - Guido Mantega, Ministro da Fazenda. Engraçado?!?! O salário miserável do trabalhador pode desequilibrar os cofres públicos, mas os altos salários dos juizes e parlamentares não. No Brasil, o povo só serve para eleger a a elite aristocrática e trabalhar por salários miseráveis e inconstitucional, pois não atende as necessidades vitais básicas previstas no artigo 7º, inciso IV, da constituição federal.

A PROPÓSITO - Quanto representa o salário do trabalhador em relação aos salários que paga para os mandatários que o representam? O resultado está nos custos fiscais atribuídos ao povo e nas elevadas taxas de impostos que o povo paga para receber, consumir, vender e custear a máquina pública mais cara do planeta Terra.

VEJA ESTA TABELA DE PERDAS


segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

REAJUSTE SALARIAL - STF QUER 14,79%, MAS RELATORA DO ORÇAMENTO PREVÊ 5 %

Relatora prevê só 5% de reajuste para Supremo. 19/12/2010 às 23h44m - O Globo


RIO - No caso do reajuste para ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), a relatora-geral do Orçamento, Serys Slhessarenko (PT-MT), manteve apenas os 5,25% já garantidos pelo governo na proposta orçamentária original enviada ao Congresso. O Supremo enviou projeto prevendo reajuste do subsídio dos ministros em 14,79%, o que elevaria seus salários dos atuais R$ 26,7 mil para R$ 30,6 mil, a partir de janeiro de 2011.

A proposta do STF prevê um impacto no Poder Judiciário de cerca de R$ 450 milhões, mas o Planejamento destinou apenas R$ 156,73 milhões para esse projeto, concedendo apenas a reposição da inflação do período (cerca de 5,25%), o que eleva o salário para R$ 28,1 mil.

- Para o Supremo, demos apenas aqueles 5% da inflação - disse Serys.

Além disso, R$ 3,9 bilhões são para a reposição das perdas dos estados exportadores com a chamada Lei Kandir; R$ 350 milhões a mais para obras da Copa do Mundo; mais R$ 1,05 bilhão para a área da Saúde, basicamente para ações de média e alta complexidade dentro do Sistema Único de Saúde (SUS). Há ainda recursos para o setores da Agricultura, da Marinha e do Exército.

domingo, 19 de dezembro de 2010

MINISTÉRIO PÚBLICO DO RS - Concurso para agentes oferece salários iniciais de R$ 3.177,4 e R$ 4.925,013

- Concursos do Ministério Público do RS. Zero Hora, 18/12/2010, 16h09min

Mais de 7 mil candidatos realizam prova para agente administrativo do MPE. A remuneração inicial para o cargo é de R$ 3.177,43 e há 48 vagas disponíveis.

Mais de 7 mil candidatos realizam na tarde deste sábado as provas do concurso de agente administrativo do Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul (MPE). A prova, que iniciou às 14h, contém questões de conhecimentos gerais (legislação e informática), língua portuguesa e conhecimentos específicos. A remuneração inicial para o cargo é de R$ 3.177,43 e há 48 vagas disponíveis.

No domingo, será realizada a prova para a função de secretário de diligências, cujo salário é de R$ 4.925,01. Mais de 6 mil candidatos disputam as 38 vafas disponíveis para a função. A prova inclui informática, língua portuguesa e conhecimentos específicos.

As vagas serão distribuídas entre 16 regiões administrativas do Estado: Missões, Médio Uruguai, Planalto, Alto Jacuí, Serra, Vale do Taquari, Campos de Cima da Serra, Vale do Rio Pardo, Central, Fronteira Oeste, Campanha, Sul, Litoral, Metropolitana, Metropolitana do Delta do Jacuí e Porto Alegre.

MPE - Remuneração inicial para o cargo:

Agente administrativo - R$ 3.177,43
Secretário de diligências - R$ 4.925,01

sábado, 18 de dezembro de 2010

REAJUSTE ABUSIVO - Sindicalistas classificam como exagerado o reajuste de parlamentares


Sindicalistas classificam como exagerado o reajuste de parlamentares - Zero Hora Online 18/12/2010

"É uma demostração de absoluto descaso", afirma presidente do Sindicato dos Médicos
O projeto que aumentou em 61,83% os salários dos parlamentares, em 133,96% o valor do vencimento do presidente da República e em 148,63% no salário do vice-presidente e dos ministros de Estado provoca reações em diversas áreas. Representantes de sindicatos do Rio Grande do Sul se manifestaram insatisfeitos com o reajuste.

Segundo Paulo de Argollo Mendes, presidente do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Sul (Simers), a medida é uma afronta aos trabalhadores. Em Porto Alegre, onde o piso da categoria é de 2,6 mil, o último reajuste salarial foi de 7%, em maio.

— É completamente desproporcional ao rendimento usual. É descolado da realidade em que vive o povo brasileiro, uma demostração de absoluto descaso — ressaltou.

Sobre a declaração do deputado Claudio Diaz, do PSDB, que afirmou que "o deputado que exerce o seu papel com o devido respeito e o devido rigor merece um salário equivalente ao maior existente no país", Mendes salienta que "as responsabilidades dos médicos também não são tão pequenas."

Alfredo Gonçalves, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre, cujo último reajuste salarial recebido foi de 9,5 %, compartilha da mesma opinião.

— É um absurdo em relação à condição de vida do brasileiro. Milhões vivem com um salário mínimo. Enquanto uns trabalham 44 horas semanais e lutam todo ano para ter um reajuste acima da inflação, na calada da noite, aumentam o salário deles em 61%.

O vice-presidente da Federaçao dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag), Nelson Wild, salienta que este valor terá repercussão também nos Estados. Parlamentares de 20 Estados devem seguir exemplo do Congresso e aumentar os próprios salários. Ele afirma que, em relação aos índices de salário mínimo, o aumento representa um valor extremamente alto.

— Ele foge a qualquer patamar. O salário mínimo se eleva na faixa de 9%, 10% ao ano. Não somos contra que recebam reajustes, agora, em níveis razoáveis de crescimento do País e, ao mesmo tempo, que ocorra uma valorização maior do salário mínimo.

Seguindo o retrato das votações na Câmara e no Senado, a maioria dos parlamentares federais gaúchos é favorável ao aumento.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

EFEITO CASCATA - Assembleias correm para aprovar reajuste salarial


A exemplo do Congresso, Assembleias correm para aprovar reajuste salarial. Vários Legislativos estaduais colocaram ontem na pauta projetos para garantir que os próprios salários sejam fixados em 75% do subsídio do parlamentar federal; salário será elevado para R$ 20 mil, já que no Congresso passa para R$ 26,7 mil - 16 de dezembro de 2010 | 23h 01 - Lucas de Abreu Maia, Eduardo Kattah, Angela Lacerda, Tiago Décimo e João Novaes, de O Estado de S.Paulo

O exemplo do Congresso será seguido por praticamente todos os Legislativos estaduais que, na esteira do aumento de 62% autoconcedido aos parlamentares na quinta-feira, 16, apressaram-se para colocar na pauta, antes do fim do ano, projetos que garantam a remuneração de cerca de R$ 20 mil para os deputados estaduais.

Em Estados como São Paulo, Santa Catarina, Mato Grosso e Rio Grande do Norte os deputados estaduais já haviam se antecipado e aprovado, antes mesmo do Congresso, a regulamentação para que o subsídio seja equivalente a 75% do que ganham os parlamentares federais - que a partir de agora vão receber o mesmo salário de um ministro do Supremo Tribunal Federal, de R$ 26,7 mil. Só nesta quinta-feira, 16, as Assembleias Legislativas do Pará, Ceará e Mato Grosso do Sul também garantiram o reajuste.

Na Bahia, Rio Grande do Sul e Pernambuco, a correria é para votar o reajuste na próxima semana, a última antes de encerrar os trabalhos legislativos do ano. Os deputados de Minas Gerais e Rio de Janeiro já tinham garantido, desde legislaturas passadas, o aumento automático vinculado à decisão do Congresso.

Antecipado

Na Assembleia paulista, cujos salários irão de R$ 12.384,37 para R$ 20.042,35, os deputados aprovaram na última terça-feira a lei que define seus salários como 75% do valor pago aos deputados federais. Esta vinculação está prevista na Constituição, mas precisava ser ratificada. Segundo os deputados paulistas, a vinculação é "praxe" e feita todos os anos.

"Este é um procedimento que realizamos todos os anos, independentemente do Congresso", disse o deputado Vaz de Lima (PSDB), líder do governo na Assembleia. O aumento deve gerar um gasto extra de R$ 8,3 milhões. Os deputados paulistas viram seus holerites engordarem uma semana depois de eles próprios aprovarem um aumento de 26% nos salários do governador, do vice e dos secretários. O chefe do executivo estadual passou a receber R$ 18.725. O impacto nas contas públicas será de R$ 425,6 milhões, segundo dados da Secretaria Estadual de Gestão

Os deputados estaduais do Rio Grande do Norte também encerraram a última sessão do ano aprovando o aumento salarial para eles mesmos. O impacto anual na folha de pessoal do Poder Legislativo (excetuando-se o terço de férias) será de aproximadamente R$ 2,4 milhões.

Na Bahia, a Assembleia vota na próxima terça-feira um projeto de resolução para garantir o aumento, que vai gerar uma despesa adicional de R$ 17 milhões no orçamento.

Na última sessão plenária de 2010 e a toque de caixa, os deputados estaduais de Mato Grosso não perderam tempo e aproveitaram para aprovar ontem, por unanimidade, o reajuste de seus salários. Também aprovaram, nesta quinta-feira, os reajustes de 15% nos salários do governador, vice e secretários de Estado.

Sertanejo

"O aumento é o custo da democracia", afirmou o presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco, deputado Guilherme Uchoa (PDT). Segundo ele, um deputado que mora em municípios sertanejos tem que sustentar suas famílias no Recife e não podem deixar de estar perto de suas bases eleitorais. "R$ 12 mil, R$ 13 mil dá para essas despesas? Não dá", disse.

A Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Ceará apresentou nesta quinta-feira, 16, o projeto que fixa os novos subsídios dos deputados estaduais em 75% dos salários dos deputados federais.

Em Minas, o aumento deverá gerar um impacto de R$ 8,8 milhões em 2011. De acordo com a Assembleia, desde 2003, a correção é praticamente automática e basta uma decisão formal da atual Mesa Diretora para que passe a valer na próxima legislatura,

Em meio a uma reforma administrativa e faltando apenas três sessões para encerrar o ano legislativo, os deputados estaduais capixabas ainda estão discutindo se vão ou não tratar de aumento salarial ainda nesta legislatura.

Em Goiás, o deputado Hélder Valim (PSDB), presidente da Assembleia, garantiu que "deixará para a próxima legislatura" a definição sobre o reajuste automático nos salários.

JUSTIÇA SALARIAL LEGAL REALMENTE JUSTA


Manifesto por uma Justiça Salarial Legal REALMENTE justa.

"A forma como se estabeleceu o reajuste dos parlamentares é um escárnio para os eleitores". Alino Lorenzon, Professor aposentado de filosofia da UFRJ e UERJ (área de ética e filosofia política)- Congresso em Foco, 17/12/2010

“Vamos apanhar todos os dias, o dia todo, mas vamos votar. Se fizermos gradual, vamos apanhar violentamente todas as vezes que for dado o reajuste. O melhor é fazer de uma só vez” (O Globo, 15/12/10, p. 14).

Essa declaração de um dos líderes do Congresso Nacional com respeito ao pleito de equiparação dos vencimentos com um reajuste de 61% evidencia o grau de insensibilidade moral, social e política a que estão chegando os nossos parlamentares, justamente nesta época em que somente se pensa no consumismo das festas de Natal e Fim de Ano. É um escárnio para os eleitores e, de modo particular, para os brasileiros e para as brasileiras das periferias, da economia informal e para as populações de rua e das nações indígenas.

Diante desse quadro, vamos ficar inativos? A sentença de E.Burke, que abre o Manifesto pela Redução de Homicídios no Brasil do Abaixo-assinado da lutadora ONG RIO DE PAZ e que tomei a liberdade de colocar no texto a seguir, retrata muito bem a ousadia dos legisladores. Diante dessa trágica realidade, que faria o Betinho na continuação da sua luta pela Ética na política”, se ainda estivesse vivo? Então Vamos esperar contra toda esperança. Apoio total à intervenção da deputada Luiza Erundina: "Nós, parlamentares, não podemos deliberar em nome do próprio interesse contra o interesse público. Esse projeto é um absurdo", disse exaltada na tribuna. "Eu recomendaria aos meus colegas, se essa proposta for aprovada, que tirem os seus botons, porque vão sofrer agressões da população, que não aceita arbitrariedades contra o interesse público. É um desrespeito essa medida sem transparência e sem lógica para justificar esse aumento".

Manifesto por uma Justiça Salarial Legal REALMENTE justa.

“Para que o mal triunfe, é necessário apenas que os homens de bem permaneçam inativos” – Edmund Burke (1729-1797), homem político e escritor inglês, que se opôs à política colonialista do seu país.

Face à insensibilidade moral e face ao sem sentido da representação política dos nossos parlamentares pleiteando a equiparação dos seus salários de R$ 16,5 mil aos dos Ministros do STF no atual nível de R$ 26,7 mil (reajustes de 61,8%) e, face ao pleito do reajuste médio de até 54% reivindicado para os servidores do Judiciário (reajuste este julgado “delirante” pelo próprio ministro do Planejamento), as organizações da civil abaixo assinadas manifestam sua profunda indignação com base nas seguintes ponderações.

Definição constitucional do salário mínimo. Com a equiparação dos salários dos parlamentares do Congresso Nacional aos dos ministros do STF, lembramos que somente UM salário pelos mesmos pleiteado equivaleria a 52 mínimos atuais, isto é, o assalariado do mínimo deveria trabalhar quase quatro anos e três meses para poder se equiparar a UM salário de parlamentar. Diante dessa aberração e, antes de qualquer discussão a respeito do salário mínimo, pedimos aos parlamentares que leiam e releiam o que reza o Art. 7°, inciso lV, Capítulo ll, DOS DIREITOS SOCIAIS da Constituição Federal: Os trabalhadores urbanos e rurais têm direito, entre outros, ao “ salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo sendo vedada sua vinculação para qualquer fim”, e isso independentemente de cor, raça, gênero, status social, função pública ou privada. Portanto, o atendimento à satisfação das necessidades básicas de todo ser humano deve ser a premissa a orientar e inspirar toda discussão a respeito do salário mínimo.

Face ao exposto, cabe perguntar: Será que um trabalhador com o mínimo de R$ 540 tem meios e condições de atender “a suas necessidades vitais e às de sua família”? Fica aí a gravíssima pergunta aos nossos parlamentares e aos membros do Judiciário?

Diante desse quadro, acreditamos que seria muito salutar e muito instrutivo que, de quando em quando, os nossos parlamentares saíssem da “Ilha da Fantasia”, que é Brasília, e percorressem a pé os bairros das periferias, sentindo de perto as agruras do dia a dia das famílias dessas populações, das quais os senhores são os representantes, e o mesmo fizessem ao retornarem aos seus domicílios “em consulta e contactos com as bases”! Não esperem fazê-lo SOMENTE na próxima campanha eleitoral.

População brasileira que passa fome. A recente Pesquisa do IBGE acaba de mostrar como a fome ainda assombra 11,2 milhões de brasileiros (entre populações indígenas e quilombolas), ainda não beneficiados pela Bolsa Família. Esses brasileiros, que sobrevivem na pobreza extrema com renda per capita de um quarto de salário mínimo, deveriam ser os primeiros a receber uma visita de parlamentares e um mínimo de atenção urgente desses privilegiados que ficam pleiteando salários e outras vantagens exorbitantes. São também (e ainda com maior sacrifício) essas populações desprotegidas que contribuem, dentro das suas limitadíssimas possibilidades, com o pagamento de tributos indiretos subsídios e outras mordomias. Examinem, pois, detidamente, com um espírito de solidariedade e de compaixão, no nível das diferentes regiões e realidades sociais do nosso Brasil, a escala salarial e a dureza da vida dessa multidão de profisssionais da educação e da saúde, da polícia, dos garis e de tantas outras categorias de trabalhadores e de trabalhadoras do mesmo nível social, e isso sem falar de todas as pessoas e das numerosas famílias da multidão da “economia informal” e das “populações de rua”. E mais explicitamente, perguntemo-nos: Como pode um gari do município do RJ sobreviver com o salário de R$ 534. O médico, o professor com uns R$ 800? O policial com uns R$ 1. 100? E um motorista de ônibus, de modo particular das nossas grandes metrópoles, ter uma vida profissional, pessoal e familiar, digna de um ser humano, trabalhando em condições estressantes?

Profissionais da segurança pública e a PEC 300, que cria um piso nacional para policiais civis e militares no valor de R$ 3.5 mil. Desde 2008, a emenda se arrasta no Congresso, com a agravante de governadores e ministros fazerem apelo para que a Câmara não a vote. Mas, como pode um policial, com um salário irrisório, gozar de uma vida decente para si e para a família com um salário indecente? Faz-se mister lembrar e lamentar que a polícia do Rio de Janeiro é das mais mal pagas do Brasil, depois da polícia de Alagoas, com um salário de R$ 1.100. O salário de um soldado iniciante do BOPE, é de R$ 1,2 mil por mês. Todos nós continuamos a acompanhar, emocionados, a luta travada no Rio de Janeiro pelas polícias do Rio de Janeiro e pelas Forças Armadas no desbaratamento da maior fortaleza do tráfico do Brasil, o Complexo do Alemão. Um exemplo único de estratégia militar para o Brasil e para o mundo, como a mídia nos tem muito bem demonstrado. Sem dúvida alguma, o mais justo testemunho de reconhecimento e o melhor presente do Natal de 2010 para as polícias e, SOBRETUDO para as do estado do Rio de Janeiro, seria a aprovação imediata por parte do Congresso da PEC300..

Profissionais da educação. Em 2008 sancionada pelo presidente Lula a lei que instituiu o piso salarial profissional nacional dos Educadores Públicos da educação básica no valor de R$ 950. No entanto, infelizmente sabemos dos empecilhos de toda sorte, criados para que essa lei venha a ser aplicada.

Aplicação justa dos tributos arrecadados. Portanto, precisa, SIM, urgente e permanentemente, que os nossos parlamentares, antes de mais nada, prestem uma atenção ESPECIAL à aplicação dos tributos arrecadados, a fim de que eles sejam de fato canalizados, sem corrupção, sem desvios e sem malversação, em investimentos maciços nos campos da saúde e da educação, da habitação, do emprego e da segurança pública, das reformas profundas do sistema carcerário, nos transportes públicos, rápidos, eficientes e confortáveis, no saneamento básico, nas estradas, portos e aeroportos modernos, etc.

Votos e esperança por uma representação política justa para toda a população brasileira. Esperemos, pois, que essas considerações e esse grito de indignação, expressando, sobretudo, os sentimentos dos sem voz e sem vez, dos quais os parlamentares são (ou ao menos deveriam ser) os PRIMEIROS representantes legais, comovam os seus corações e iluminem as suas mentes. E, para nós cristãos, fica o desafio evangélico de transformar na prática e no testemunho a “opção preferencial pelos pobres”.

NB – Um apelo às ONGs e aos movimentos da sociedade civil para uma corrente nacional de resistência.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Somente uma corrente nacional de resistência poderá congelar o teto salarial nos três Poderes e permitir a igualdade salarial entre todos os cargos públicos de forma a não mais permitir que uma elite aristocrática se instale nos poderes para enriquecer com dinheiro público.

Sugiro que se comece pelos aeroportos e pelos eventos e solenidades, onde estes "senhores feudais" gostam de aparecer. A pressão popular e contínua é a única forma de mostrar a indignação, envergonhar a autoridade e tirar a mascara destes "senhores". O voto nulo já se mostrou ineficaz diante do sistema político vigente que assegura e protege os oportunistas, corruptos e fichas-sujas.

Enquanto o povo se manter alienado, adormecido, distante e ausente, as farras continuarão saqueando os cofres públicos e promovendo aumento de impostos para garantir o orçamento do Estado.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

EQUIPARAÇÃO SALARIAL ENTRE OS TRÊS PODERES

Nasce uma República amparada por princípios da República Francesa.

Líderes de partidos querem equiparação salarial de autoridades dos três poderes aos vencimentos de ministros do STF - 14/12/2010 às 23h17m; Isabel Braga

BRASÍLIA - A maioria dos líderes dos partidos na Câmara dos Deputados defendeu nesta terça-feira, na primeira reunião formal para discutir o assunto, a equiparação salarial de autoridades dos três poderes aos vencimentos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), hoje em R$ 26,7 mil. A expectativa era de que essa proposta fosse votada nesta quarta-feira na Câmara; porém, a decisão pode ficar para a semana que vem, a última de trabalho antes do recesso legislativo, que se estenderá até o fim de janeiro. O tema voltará a ser discutido nesta quarta-feira em reunião da Mesa Diretora da Câmara.

Na reunião de líderes, o único a ponderar que o melhor seria fazer a equiparação de forma gradual foi o representante do PSOL, Ivan Valente (SP). Ele argumentou que seria uma forma de reduzir a reação contrária da opinião pública à medida.

Outros líderes, no entanto, reagiram, alegando que "apanhariam violentamente todas as vezes" que fosse aplicado reajuste gradativo para se chegar à equiparação.

- O resumo da ópera foi: vamos apanhar todos os dias, o dia todo, mas vamos votar. Se fizermos gradual, vamos apanhar violentamente todas as vezes que for dado o reajuste. O melhor é fazer de uma só vez - afirmou um dos líderes, resumindo o sentimento do grupo na reunião de ontem.

Reajuste para presidente e vice pode chegar a 134%

Pela proposta em discussão - e que ainda precisa ser acordada pelos senadores, já que o projeto de decreto legislativo com o aumento precisa ser aprovado nas duas Casas do Congresso -, os reajustes seriam de 61,8% para deputados e senadores; e de 134% para presidente e vice-presidente da República. Os ministros também teriam seus salários mais que dobrados.

Hoje, os parlamentares ganham subsídio de R$ 16,7 mil. O presidente da República tem salário atual de R$ 11,4 mil. Os ministros da Esplanada, R$ 10,7 mil. Estão excluídos do valor as outras vantagens e benefícios, diretos e indiretos, que todos as autoridades têm.

Nesta terça-feira, o vice-presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), que está conduzindo as votações de projetos e também as negociações em torno do aumento aos parlamentares, afirmou que a reunião não teve conclusão. Não havia, na tarde desta terça-feira, definição se a proposta poderá ser votada hoje.

Maia confirmou apenas que a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, responsável por elaborar o projeto de decreto legislativo, se reunirá nesta quarta-feira, às 11h. Líderes que participaram do encontro, no entanto, contam com a votação da proposta ainda nesta quarta-feira, por entenderem que será bem mais difícil promover a análise na próxima semana.

Temer diz não ter objeção aos reajustes

O presidente da Câmara dos Deputados e vice-presidente eleito, Michel Temer (PMDB-SP), afirmou nesta terça-feira "não ter objeção" à votação do aumento dos parlamentares. Disse, porém, que não conduziria as negociações porque renunciará nesta quarta-feira à presidência da Casa, para, assim, poder ser diplomado como vice-presidente eleito na próxima sexta-feira.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Independente do deboche, do abuso, do efeito cascata, da afronta aos eleitores e do custo aos cofres públicos, acha justo a equiparação salarial entre os três Poderes da República. O texto original do artigo 37, inciso XII, da constituição federal, aprovada por uma constituinte, proíbe o pagamento de vencimentos aos cargos dos Poderes Judiciário e Legislativo superiores aos pagos aos cargos do Poder Executivo. Portanto, além de uma violação do princípio republicano da igualdade e de fomentar uma hipocrisia política para evitar ganhos melhores dentro do Executivo, vigora no Brasil um ato imoral e inconstitucional que permite o pagamento de salários mais que o dobro para os cargos do Poder Judiciário e do Poder Legislativo, relegando e discriminando os salários dos cargos do Poder Executivo, cujo teto é o Presidente da República, o Governador e o Prefeito Municipal.

Esta decisão de equiparar o salário dos três Poderes vem resgatar o princípio republicano da igualdade. Porém, chegará um dia em que os altos salários deverão ser congelados para atender a isonomia nos demais cargos nos três Poderes, pois os cofres públicos não vão suportar tamanho ônus para atender os servidores públicos e investir nas políticas públicas necessárias para o atendimento de direitos e do desenvolvimento do país.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

FARRA SALARIAL - DEPUTADOS 61,83% E PRESIDENTE 133,96 DE AUMENTO SALARIAL

CONGRE$$O - O presente de Natal dos parlamentares: reajuste de 61,83%. Já o salário da Presidência da República vai aumentar 133,96%, afirma jornal - Veja Online, 10/12/2010 - 09:20

Os parlamentares vão utilizar a penúltima semana de trabalho no Congresso para se dar um belo presente de Natal: um aumento salarial de 61,83%. O projeto de reajuste, que vinha sendo discutido desde novembro, já está pronto e deverá ser votado na terça ou quarta-feira da semana que vem. O texto prevê, ainda, um aumento de 133,96% para o salário do presidente da República.

De acordo com a edição desta sexta-feira do jornal O Estado de S. Paulo, com o reajuste, o salário de deputados e senadores será o mesmo da presidente eleita, Dilma Rousseff: 26.723 reais. O valor é o mesmo atualmente pago aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), teto do funcionalismo público.

Para driblar o desgaste político decorrente do pacote de aumentos, os parlamentares decidiram vincular o reajuste do Legislativo ao do Executivo, ou seja, de Dilma, e também dos ministros do governo. Hoje, os deputados e senadores recebem salário de 16.512,09 reais, além dos benefícios, como verba de gabinete e auxílio moradia. Já o salário do presidente da República é de 11.420,21 reais – com os descontos, cai para cerca de 8.000 reais.

Em novembro, quando descobriu-se o projeto de reajuste em tramitação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu o aumento salarial da Presidência e ainda reclamou - disse ter sido prejudicado pela falta de reajuste para ele nos últimos anos. "Não há nenhuma novidade de que, no final de uma legislatura, eles aprovem o salário para a próxima legislatura. Isso é da Constituição. Somente no meu mandato eles fizeram uma sacanagem comigo. Em 2002, aprovaram aumento só para a Câmara e para o Senado", disse ele.

Mordomias - Além do salário e das verbas para trabalho, os políticos têm a seu dispor um pacote de benefícios para uso pessoal, como moradia e cobertura de gastos médicos e odontológicos. Deputados podem aderir ao plano dos servidores da Casa ou pedir reembolso de serviços particulares, sem limite de valor. Senadores também não têm limite para gastos médicos deles, do cônjuge e dos dependentes. Há ainda uma verba de quase 26.000 para despesas odontológicas e psicoterápicas.

Enquanto o presidente escolhe entre residir no Palácio da Alvorada ou na Granja do Torto, os parlamentares podem morar em apartamentos funcionais em Brasília. As compras para alimentação e os gastos com manutenção da residência do presidente são custeadas pelo estado. Se os congressistas preferirem alugar outro imóvel, deputados recebem auxílio mensal de 3.000 reais e senadores, de 3.800 reais. O que mostra que vida de político é bem diferente do cotidiano de um profissional comum - para boa parte dos brasileiros, o gasto com moradia é o que mais pesa no orçamento doméstico, e chega a responder por metade das despesas de uma família.

ANÁLISE

Político ganha pouco? - Presidente tem salário de 11.420 reais; parlamentar, de 16.512 reais. Comparado ao que se ganha no mercado de trabalho, não é muito. Mas merecem aumento?
- Carolina Freitas

Carreira política tem como objetivo, na essência, servir à população, não enriquecer – por mais que alguns ainda insistam em usá-la para isso.

No Brasil do salário mínimo de 510 reais, políticos recebem remunerações acima dos 10.000 reais e têm pagas pelos cofres públicos despesas com moradia, transporte e saúde. A possibilidade de um aumento dos salários de parlamentares e do presidente reacende a discussão sobre quanto merecem ganhar os representantes do poder público brasileiro.

O presidente da República recebe por mês 11.420,21 reais. Deputados e senadores ganham 16.512,09 reais. O salário do presidente equivale, no mercado de trabalho, ao recebido por um profissional com curso de MBA, em cargo de gerência. O dos parlamentares corresponde ao salário de alguém com curso de pós-graduação ou especialização, em cargo de diretoria. A comparação tem como base dados da pesquisa salarial da Catho Online, feita a partir de 160 mil entrevistas em todo o país.

Mas as comparações não são tão simples assim. Enquanto o trabalhador comum comemora a chegada do 13º salário no fim do ano, por exemplo, os parlamentares recebem ajuda de custo no valor de um salário em fevereiro e outra em dezembro. Na prática, recebem o equivalente a 15 salários a cada ano.

Para o sociólogo Humberto Dantas, doutor em Ciências Políticas pela Universidade de São Paulo (USP) , a remuneração do presidente é razoável diante das responsabilidades do cargo. “Ser presidente pode ser algo excelente, mas é também uma atividade que exige sacrifícios e dedicação integral”, lembra. “Se um executivo do mercado tivesse tantas responsabilidades quanto tem um presidente da República, 80.000 reais seriam pouco para ele.” Mas sempre é necessário lembrar: a carreira política tem como objetivo, na essência, servir à população, não enriquecer – por mais que alguns insistam em usá-la para isso.

Inchaço - Apesar de avaliar como adequada a remuneração do chefe do governo, Dantas vê exagero, por outro lado, na estrutura que cerca os congressistas. Deputados têm direito a contratar até 25 assessores, com custo total de 60.000 reais. Recebem, além disso, cotas mensais entre 23.000 reais e 34.000 reais para custeio de escritórios políticos (aluguel, serviço postal, telefonia), viagens, combustível, segurança e consultoria. No Senado, além da verba indenizatória de 15.000 para manter o escritório político, o parlamentar tem verbas específicas para passagens áreas, gráfica, correio, assinatura de jornais e revistas, telefone e combustível.

“É uma estrutura inchada, que atende quase que somente a interesses eleitorais, para dar publicidade à ação e à figura do parlamentar e, em última instância, reelegê-lo”, afirma Humberto Dantas. “Os assessores contratados trabalham como cabos eleitorais e há pagamento de favores com verbas oficiais, o que não parece a forma mais correta de fazer política.” O número elevado de integrantes do Congresso – 513 deputados e 81 senadores – dificulta a fiscalização do uso desses recursos.

Casa paga - Além do salário e das verbas para trabalho, os políticos têm a seu dispor um pacote de benefícios para uso pessoal, como moradia e cobertura de gastos médicos e odontológicos. Deputados podem aderir ao plano dos servidores da Casa ou pedir reembolso de serviços particulares, sem limite de valor. Senadores também não têm limite para gastos médicos deles, do cônjuge e dos dependentes. Há ainda uma verba de quase 26.000 para despesas odontológicas e psicoterápicas.

Enquanto o presidente escolhe entre residir no Palácio da Alvorada ou na Granja do Torto, os parlamentares podem morar em apartamentos funcionais em Brasília. As compras para alimentação e os gastos com manutenção da residência do presidente são custeadas pelo estado. Se os congressistas preferirem alugar outro imóvel, deputados recebem auxílio mensal de 3.000 reais e senadores, de 3.800 reais. O que mostra que vida de político é bem diferente do cotidiano de um profissional comum - para boa parte dos brasileiros, o gasto com moradia é o que mais pesa no orçamento doméstico, e chega a responder por metade das despesas de uma família.

TETO ARISTOCRÁTICO - É PARA TODOS "ELES"

É para todos eles - 13 de dezembro de 2010 - OPINIÃO, O Estado de S.Paulo

Faltam poucos dias para o encerramento dos trabalhos legislativos de 2010 - e também da atual legislatura -, mas há tempo mais do que suficiente para que o Congresso aprove um projeto que ainda nem foi apresentado, mas certamente será, elevando em 61,8% os salários de deputados e senadores e, de quebra, o do presidente da República em 134%. Responsável pela elaboração do projeto, o quarto-secretário da Câmara, deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP), ressalva que caberá à Mesa Diretora da Casa a decisão sobre a oficialização ou não da proposta. A ressalva é apenas formal, pois não há motivos para duvidar de que o projeto será oficializado, votado e aprovado em tempo recorde.

Entende-se que, a cada quatro anos, devam ser corrigidos os vencimentos dos congressistas, do presidente da República e, por extensão, de deputados estaduais e vereadores, pois, embora baixa para os padrões históricos brasileiros, a inflação persiste e corrói o valor real dos rendimentos de todos, deputados, senadores e brasileiros em geral. Mas os cidadãos, e os contribuintes em particular, não podem entender a razão de um aumento como o que os parlamentares pretendem dar a si mesmos, a pretexto de recompor o valor real de seus vencimentos.

Nada justifica o porcentual desse aumento. A inflação oficial medida pelo IPCA dos últimos quatro anos (de 2007 até agora, admitindo-se que em 2010 seja de 5,63%) é de 20,93%; a alta acumulada do INPC, utilizado para corrigir os salários no setor privado, é de 22,41%. Qualquer que seja o índice, sua variação é de apenas um terço do aumento que os congressistas pretendem aprovar. Nem mesmo o salário mínimo, que ao longo do governo Lula vem tendo aumentos reais anuais, crescerá tanto. Se for fixado em R$ 540 para 2011, como está previsto na versão mais recente do projeto do orçamento para o próximo ano, o salário mínimo terá aumentado 42,11% em quatro anos.

A variação de 61,8% resultará da equiparação da atual remuneração dos deputados e senadores, de R$ 16.512, à dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que é o teto do funcionalismo público e hoje está fixada em R$ 26.723. No caso do presidente da República, como o salário atual é de R$ 11.420,21, o menor entre os chefes dos Três Poderes, a variação porcentual será bem maior.

"O aumento é para todos", explicou Marquezelli à repórter Denise Madueño, do Estado. "Vamos equiparar todos com o teto e acabar com essa lambança de, de quatro em quatro anos, ter de discutir o valor." Entenda-se "todos" em sentido restrito, pois a expressão designa todos os que frequentam os estreitos círculos do poder, mas só eles. Os brasileiros comuns estão excluídos.

Quanto à expressão "lambança", o dicionário registra, entre outros sentidos, os de "embuste", "trapaça", "conversa fiada", "patranha", "vadiagem". Alguns deles parecem adequados para o caso. O que não parece certo, pelo histórico das atitudes dos parlamentares, é que essa superlambança venha a ser a última.

A intenção dos deputados era vincular o salário dos parlamentares aos dos ministros do STF. Desse modo, sempre que os membros do Supremo tivessem aumento, os congressistas seriam automaticamente beneficiados, sem necessidade de expor publicamente suas ambições financeiras. Mas descobriram que essa vinculação exige uma emenda constitucional, cuja tramitação é muito mais demorada - e mais desgastante do ponto de vista político. Mesmo assim, há disposição dos deputados de apresentar uma proposta de emenda constitucional nesse sentido. Será outra lambança.

Não é apenas pelo índice indecentemente excessivo, se comparado com a variação do rendimento da imensa maioria dos brasileiros que vivem de seu trabalho, que a iniciativa dos congressistas causa indignação. É também pelos efeitos em cascata de uma decisão como essa. Os deputados estaduais recebem até 95% do valor pago aos deputados federais e os salários dos vereadores variam de 20% a 75% da remuneração dos deputados estaduais.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Nossos ilustres e ganaciosos deputados deve ter lido este blog e o Blog VOTO ZERO, onde destacamos o desrespeito aos artigo 37, inciso XII, do texto original da constituição federal e a violação do princípio democrático da igualdade quando o assunto é salários nos cargos públicos. A constituição proibe vencimentos superiores aos recebidos pelos cargos do Poder Executivo. Na realidade, os vencimentos dos cargos do Poderes Judiciário são mais que o dobro do que percebem os cargos do Poder Executivo. Os parlamentares recebem, somadas as verbas indenizatórias e os privilégios, mais de R$ 100 mil mensais.

Agora, os deputados querem isonomia com o teto aristocrático pago aos Ministros do STF e para obter esta "igualdade" defendem reajuste salarial até o mesmo nível para a Presidente Dilma. Com isto, o teto salarial fica o mesmo para os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, mas as verbas indenizatórias e os privilégios permanecem inalteráveis e intocáveis, fora as emendas parlamentares cujo destino só o autor pode explicar.

Este é o Brasil, "muito bem representado". Nós somos a nação do gigante adormecido.

MÉDIA SALARIAL DA MAGISTRATURA

CARREIRAS MAIS CONCORRIDAS E MÉDIA SALARIAL DA MAGISTRATURA. Prepare-se: Concursos. Zero Hora, Informe Comercial 13/12/2010.

A área do Direito é uma das mais visadas pelos concursandos. As carreiras mais concorridas são a Magistratura Federal e Estadual, cargos da Advocacia Geral da União, Procurador da República, Procurador Estadual, Promotor de Justiça Federal e Estadual, Defensor Público da União e dos Estados, Agente da Polícia Federal, Escrivão de Polícia Federal, Oficial de Justiça, carreiras de notários e registradores, analistas dos tribunais federal e estadual.

Os vencimentos para o cargo de juiz de Direito são os seguintes:

No Rio Grande do Sul:

- Entrância inicial: R$ 17.581,75

- Entrância intermediária - R$ 19.535,28

- Entrância final: R$ 21.705,86

Em nível federal:

- Juiz Federal: R$ 22.911,74

- Juiz do Tribunal Federal: R$ 24.117,62

sábado, 11 de dezembro de 2010

REAJU$TE DE NATAL - 62% para Deputados e 133,96% Presidenta Dilma.


REAJUSTE DE NATAL. No fim do ano, deputados buscam 62% de aumento - Zero Hora 11/12/2010.

Na última semana de trabalho efetivo do Congresso e a menos de 10 dias do Natal, os deputados e senadores planejam aprovar um reajuste de 61,83% nos próprios salários. Os congressistas trabalham ainda por um aumento de 133,96% no valor do vencimento do presidente da República.

O projeto já está pronto e fixa a remuneração dos parlamentares e da presidente eleita, Dilma Rousseff, em R$ 26,7 mil, o mesmo pago aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) – teto do funcionalismo público.

A aprovação do projeto, que deverá entrar na pauta do plenário entre terça e quarta-feira, significará um aumento no salário da presidente eleita de mais de R$ 15 mil em relação ao que é pago hoje ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Lula ganha R$ 11.420,21 brutos, o menor salário entre os chefes dos três poderes. Os deputados e senadores recebem R$ 16,5 mil – mas embolsam 15 salários por ano –, e o vice-presidente e os ministros ligados ao Executivo ganham R$ 10,7 mil.

– O aumento é para todos. Vamos equiparar todos com o teto e acabar com essa lambança de quatro em quatro anos ter de discutir o valor – afirmou o deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP), 4º secretário da Mesa e responsável pela elaboração do projeto de reajuste.

Ele argumentou que os ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) e o procurador-geral da República também ganham o teto salarial. Marquezelli disse que caberá à Mesa concordar ou não com a proposta dele.

BRASÍLIA - A proposta

PARA OS DEPUTADOS E SENADORES - A proposta é de elevar os vencimentos de senadores e deputados em 61,8% – passando dos atuais R$ 16,5 mil para o teto do Supremo, de R$ 26,7 mil.

PARA O PRESIDENTE - O projeto prevê um salto ainda maior para os salários do presidente da República. Atualmente, o salário do presidente Lula é o mais baixo dos três poderes: R$ 11,4 mil brutos. A ideia é elevá-lo para R$ 26,7 mil – o que representaria um salto de 133,96%.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - DIANTE DOS FATOS QUE COMPROVAM A ILEGALIDADE DA DIFERENÇA SALARIAL ATRIBUÍDA A MAIS QUE O DOBRO AOS CARGOS DOS PODERES LEGISLATIVO E JUDICIÁRIO, SURGE ESTA PROPOSTA SANADORA DE ELEVAR O SALÁRIO DO PRESIDENTE (PODER EXECUTIVO) ATÉ O TETO DO MINISTRO DO STF (JUDICIÁRIO) E DOS CONGRESSISTAS (LEGISLATIVO). QUERO PAGAR PARA VER SE O EFEITO CASCATA ATINGIRÁ TAMBÉM OS CARGOS DO PODER EXECUTIVO?

sábado, 20 de novembro de 2010

BRAVATA - Ministro diz que não tem medo de greve no Judiciário.

Ministro diz que governo não tem medo de greve. Servidores do Judiciário e policiais ameaçam parar caso não recebam reajuste. Para Paulo Bernardo, é “inacreditável” votar projetos com impacto estimado em R$ 50 bi sem olhar Orçamento - Folha de S. Paulo - 19/11/2010

O ministro Paulo Bernardo (Planejamento) afirmou ontem que o governo não teme as greves no Judiciário Federal e eventuais paralisações das polícias em diversos Estados no começo do governo Dilma Rousseff. As duas categorias lutam pela inclusão de aumentos de salários no Orçamento 2011. Os servidores da Justiça iniciaram anteontem paralisações em sete Estados. A polícia ameaça parar também caso a PEC 300, que trata de reajuste salariais dos policiais, não seja aprovada. “Aqui ninguém tem medo de greve. Surgimos na vida fazendo greve. Então não temos problema em dialogar com os trabalhadores”, disse Bernardo, que se diz contrário aos aumentos pelo alto impacto no Orçamento. O custo do plano de salários do Judiciário é estimado em R$ 7 bilhões; o da PEC 300, em R$ 43 bilhões.

“Acho inacreditável votar uma coisa que tem esse impacto sem olhar os orçamentos e se [os Estados] têm dinheiro para arcar com isso.”

POLÍCIA

Representantes da Polícia Militar de 23 Estados vão à Câmara dos Deputados, na próxima terça-feira, para cobrar a votação da PEC 300. Caso a reivindicação seja negada, há uma “disposição grande” para iniciar uma greve, afirma Leonel Lucas, presidente nacional da Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiros Militares do Brasil.

“Aliados do governo prometeram que, se a Dilma ganhasse a eleição, a PEC seria votada ainda neste ano, mas agora estão enrolando.”

A categoria defende um piso nacional de R$ 3.500 -valor bem acima dos atuais R$ 1.150 e R$ 1.200 pagos, respectivamente, no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro. Se a medida for aprovada no Congresso, caberá ao Executivo criar um fundo destinado a Estados incapazes de arcar com a despesa extra. O governo de Mato Grosso do Sul afirma que a aprovação da PEC pode prejudicar o cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Em Minas, o governo calcula um impacto de R$ 2,6 bilhões ao ano no orçamento.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - É mais pura bravata e hipocrisia ao igualar reajustes no Judiciário e na Polícia. O Poder Executivo só consegue impedir reajustes de salários de seus próprios servidores, mas tem capitulado diante da pressão do STF e do Congresso Nacional para salários estratosféricos que causam rombos no orçamento geral e no orçamento destinado a estes privilegiados poderes.

Para estes poderes, não vale nada o dispositivo original da constituição federal aprovado por uma constituinte que prevê limitações impostas pelo artigo 37, inciso XII. Este texto foi remendado para atender privilégios e aumentar a desarmonia, a desigualdade e as distorções salariais entre os Poderes de Estado.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

ENCONTRO COM A REALIDADE

ENCONTRO COM A REALIDADE - PÁGINA 10, ROSANE DE OLIVEIRA, Zero Hora, 15/11/2010

Passado o feriadão, a presidente eleita Dilma Rousseff terá de encarar a partir de amanhã um tema que o presidente Lula adiou para depois da eleição e que o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, trouxe à tona em tom de alerta. Trata-se do aumento de 56% pretendido pelos tribunais superiores para seus funcionários e da correção do subsídio de ministro do Supremo Tribunal Federal, que fará o teto subir de R$ 26,7 mil para R$ 30,6 mil.

Antes da eleição, Lula foi pressionado pelos presidentes do STF, Cezar Peluso, e do TSE, Ricardo Lewandowski, a dar sinal verde para o aumento. O presidente não concordou. Disse que iria submeter o pedido a quem se elegesse para sucedê-lo.

Enquanto Dilma estava na Coreia, Paulo Bernardo classificou o pedido de aumento de 56% como um delírio e irritou Peluso. O ministro tem duas razões de peso para pensar assim. Primeiro, o custo do aumento. São, pelas contas dos técnicos do Planejamento, R$ 7,2 bilhões anuais para os servidores do Judiciário federal. Também pelas contas do Planejamento, 60% dos servidores dos tribunais superiores já ganham acima do teto.

– Não é justo dar um aumento desses para quem está no topo da pirâmide salarial, enquanto falta dinheiro para tantas coisas mais urgentes – avalia Paulo Bernardo.

Como os ministros pleiteiam aumento de 14,7% para os próprios salários, se passarem a ganhar R$ 30,6 mil esse será o teto nacional e provocará uma série de reajustes em cascata. O Rio Grande do Sul é um caso raro em que o aumento do subsídio dos magistrados e membros do Ministério Público não é automático. Se subir o teto, começarão as pressões pelo reajuste no Estado.

Junto com o aumento para o Judiciário, discute-se também a correção da remuneração de deputados, senadores, ministros e da presidente. Dilma já disse que é a favor do aumento para os ministros, porque é difícil encontrar pessoas qualificadas com o que se paga no Executivo. Essa é uma queixa antiga dos presidentes, que compensam os ministros com os jetons pagos para integrar conselhos de estatais.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - O STF e o Congresso Nacional desrespeitam a constituição brasileira ao violar o inciso XII do artigo 37 que veda vencimentos superiores aos pagos pelo Poder Executivo. Como podem governar uma nação, poderes que não cumprem a carta maior do país assinada por uma constituite? Até onde vai a ganância que viola dispositivo constitucional? De onde sairá o dinheiro público para pagar salário extravagante e discriminador em relação aos salários pagos para os cargos do Executivo, entre eles o do presidente da República? Como o Poder Judiciário conseguirá a capacidade em juízes para atender a crescente demanda pagando altos salários para cargos iniciais? Até onde o Congresso consumirá altos orçamentos para pagar um número abusivo de parlamentares, funcionários e terceirizados que labutam no Congresso? Quem paga a conta é o povo com impostos e mais impostos.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

EM CAUSA PRÓPRIA


EM CAUSA PRÓPRIA - Editorial Zero Hora 10/11/2010

A intenção manifestada por deputados federais e senadores que, depois de um longo recesso branco em consequência da campanha eleitoral, já se mobilizam em favor de reajuste no próprio salário e no da presidente eleita, Dilma Rousseff, é preocupante num país em que se espera justamente o contrário: um freio nos gastos do setor público. O pacote de benesses pretendido pelos parlamentares começa a ser debatido no momento em que a presidente eleita orientou sua equipe de transição a tentar barrar no Congresso reajustes para o funcionalismo que impliquem rombo no orçamento do próximo ano. Seria um contrassenso se o próximo governo, cuja proposta saiu vitoriosa depois de uma das mais acirradas campanhas presidenciais, viesse a se instalar com uma sinalização de excesso de gastos direcionados não a serviços públicos, mas ao custeio da já onerosa máquina administrativa.

Não há como ignorar a existência de discrepâncias nos vencimentos pagos nos diferentes poderes e mesmo entre integrantes do primeiro escalão do Executivo. A remuneração bruta de quem ocupa a Presidência da República é de R$ 11.420,21, pouco superior à de ministro de Estado, de R$ 10.748,43, e inferior à de deputado e senador, de R$ 16.512,09. Ainda que não haja referência a percentuais neste momento, a pretensão dos defensores da revisão salarial é alcançar o patamar de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), de R$ 26.723,13. A questão é que, além de intempestiva, num momento de troca de governo, uma elevação nesses níveis, num país em que o salário mínimo se restringe a R$ 510,00, impactaria as contas em todas as instâncias da federação, em consequência do chamado efeito cascata.

Pela Constituição, um deputado estadual pode receber até 75% do salário de deputado federal. Já os vereadores têm direito a algo entre 20% e 75% dos ganhos dos deputados estaduais. O agravante é que, quando a remuneração sobe em âmbito federal, o repasse costuma ocorrer de forma quase automática em Estados e municípios, mesmo naqueles em que o caixa do setor público enfrenta uma situação de desequilíbrio e inclusive de penúria.

Certamente, há alguma coisa errada quando o salário da presidência da República – o mais alto posto público do país – equivale a muito menos da metade do desembolsado para ministro do STF. Da mesma forma, nunca haverá um momento que possa ser considerado mais adequado para revisar os ganhos do primeiro escalão dos três poderes. Mas o período correto não deveria ser o de transição de um governo para outro, quando o que a sociedade espera é urgência na melhoria dos serviços prestados na esfera governamental. Num país às voltas com a ameaça de elevação na carga de impostos para contemplar a saúde pública, com o ressurgimento da CPMF, é inadmissível que o aumento nos vencimentos do primeiro escalão dos três poderes possa ser considerado prioridade nacional.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Relativo à indagação deste editorial - "o salário da presidência da República – o mais alto posto público do país – equivale a muito menos da metade do desembolsado para ministro do STF" - pergunto: Por que a Justiça não aplica e o Congresso não cumpre o texto original do dispositivo constitucional do inciso XII do artigo 37 que prevê: " Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Executivo."

LEI NÃO CUMPRIDA, PODERES DESACREDITADOS E NAÇÃO PERDIDA. BOM PARA OS OPORTUNISTAS, REBELDES, BANDIDOS E JUSTICEIROS.

"Uma nação perdida, não é aquela que perdeu um governo, mas a que perdeu a lei. A distorção da lei não significa a sua inexistência; significa que existe a lei, mas ela não é aplicada. Assim, é como se não houvesse lei." Thomas Cleary, As lições dos mestres chineses na visão de um ocidental (Edit. Saraiva, 1994)

"Se o governante é correto, ao povo honesto caberá responsabilidade e os desleais se esconderão. Se o governante não é correto, os maus ganharão força e os honrados ficarão na sombra." Thomas Cleary, As lições dos mestres chineses na visão de um ocidental (Edit. Saraiva, 1994)

"Uma nação sem justiça perece, mesmo que seja grande." Thomas Cleary, As lições dos mestres chineses na visão de um ocidental (Edit. Saraiva, 1994)

"Governo é a resultante da interação dos três Poderes de Estado - Legislativo, Executivo e Judiciário. O poder estatal é uno e indivisível." Hely Lopes Meirelles (Direito Adm Brasileiro, 25 edi. Malheiros Edit.2000)

OS PRIVILEGIADOS - ORÇAMENTO PREVÊ REAJUSTE SALARIAL PARA STF E CONGRESSISTAS


Orçamento prevê reajustes para STF e congressistas - Wilson Dias/ABr, FOLHA ONLINE,09/11/2010

A portas fechadas, Bernardo e Gim analisaram os 'abacaxis' do Orçamento de 2011

Relator do Orçamento da União de 2011, o senador Gim Argello (PTB-DF) revelou, em privado, que vai incluir no texto um mimo ao STF.

Pretende reservar um pedaço da receita –algo como R$ 200 milhões— para custear um aumento salarial dos ministros do Supremo.

Em projeto enviado ao Congresso, o STF propôs que os vencimentos de seus ministros fossem elevados dos atuais R$ 26,7 mil para R$ 30,6 mil mensais.

Argello cogita conceder um aumento menor. Os ministros passariam a receber algo como R$ 28 mil, novo teto remuneratório do serviço público.

A ideia de Argello é estender o reajuste aos deputados e senadores, cujos vencimentos saltariam de R$ 16,5 mil para os mesmos R$ 28 mil pagos ao STF.

Pretende-se abrir a possibilidade para que Dilma Rousseff também receba os R$ 28 mil mensais. Hoje, o salário do presidente da República é de R$ 11,4 mil.

Na fórmula idealizada por Argello, caberia à própria Dilma a última palavra sobre seus vencimentos.

Depois de tomar posse, em janeiro, ela teria de assinar um decreto oficializando o novo valor de seu próprio contracheque.

As intenções de Argello foram comunicadas ao ministro Paulo Bernardo (Planejamento), num encontro que tiveram no Senado (foto).

Continua sem solução, porém, uma segunda demanda do Supremo. O tribunal reivindica aumento de 56% aos servidores da Justiça Federal.

O Planejamento orçou a encrenca em R$ 6,4 bilhões anuais. O que levou o ministro Bernardo a tachar os pretendidos 56% como algo "meio delirante".

Não há no Orçamento dinheiro disponível para a concessão desse aumento. O presidente do STF, Cezar Peluso, já esteve no Congresso para tratar do tema.

Deu-se antes do início do recesso branco do Legislativo, que manteve os parlamentares longe de Brasília durante o processo eleitoral.

Em diálogos com os presidentes do Senado, José Sarney, e da Câmara, Michel Temer, Peluzo se dispôs a aceitar o parcelamento do reajuste dos servidores.

Antes de viajar para Seul, na noite de segunda (8), Dilma discutiu o "abacaxi" com integrantes do gabinete de transição e ministros de Lula.

Nessa reunião, concluiu-se que o melhor seria negar os 56% ao funcionalismo da Justiça. Resta saber se conseguirão deter a pressão do STF.

De resto, continua em aberto o valor do salário mínimo que vai vigorar em 2011. Por ora, encontra-se sobre a mesa a cifra de R$ 540.

Dilma revelou a disposição de conceder um valor mais alto. Mas não está claro como isso será feito sem alterar a fórmula de reajuste prevista em lei.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - QUE REPÚBLICA É ESTA? OS MEMBROS DOS PODERES DE ESTADO DA REPÚBLICA DO BRASIL ESTÃO SE AGINDO E SE PORTANDO COMO OS NOBRES FRANCESES DO TEMPO DE LUIZ XIV E CORTE DE VERSALHES, ONDE OS PRIVILÉGIOS IAM APENAS PARA OS NOBRES E SOBRAVAM PARA O POVO O TRABALHO, A INSEGURANÇA, A MISÉRIA, A FOME E A PESTE.

Para quem não recorda, a Corte de Versalhes foi o centro do poder do Antigo Regime na França de 1682, sob o reinado de Luiz XIV. O palácio foi deslocado de Paris para ficar longe dos olhos do povo. A comparação com Brasília, lugar não é mera coincidência.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

SUPERSALÁRIOS - NO STF ESTÁ A ESPERANÇA DO POVO FAZER CUMPRIR O TETO

EDITORIAL ZERO HORA 08/07/2010 - Respeito ao teto

Está no Supremo Tribunal Federal a esperança do governo gaúcho de acabar com os entraves para a aplicação dos limites estabelecidos pela Constituição para os vencimentos dos servidores públicos. De acordo com o ministro Gilmar Mendes, ex-presidente da corte superior, o corte de salários que excedem o teto constitucional é perfeitamente legal. O STF tem concedido liminares favoráveis aos governos que reduzem salários para se adequar ao valor máximo previsto – que é, no caso do Rio Grande do Sul, de R$ 24.117,00.

Em 2007, o governo gaúcho cortou todos os salários que excediam R$ 22.111,00, teto da época. Servidores inconformados apelaram ao Judiciário e conseguiram liminares no Tribunal de Justiça para não terem seus vencimentos reduzidos. O Executivo recorreu ao Supremo e conseguiu derrubar a maioria das decisões. No entanto, oito funcionários conseguiram manter vencimentos acima do limite estabelecido, entre eles um aposentado da Susepe que recebe acima de R$ 43 mil.

A informação divulgada esta semana pelo Tribunal de Contas do Estado gerou confusão, mas o próprio tribunal esclareceu ontem que somente seis de 67 mil matrículas examinadas estavam acima do teto em abril. Embora seja preocupante que tantos servidores recebam salários tão elevados, acima de R$ 24 mil, apenas um grupo reduzido ultrapassa os limites estabelecidos pela legislação. Uma das definições constitucionais brasileiras, presente nas Disposições Transitórias, artigo 17, estabelece de maneira inequívoca como o país deveria adaptar-se ao limite salarial. Diz: “Os vencimentos, a remuneração, as vantagens e os adicionais (...) que estejam sendo percebidos em desacordo com a Constituição serão imediatamente reduzidos aos limites dela decorrentes”. Diante de texto tão claro e de um advérbio tão explícito (“imediatamente”), a persistência de salários acima do teto demonstra, de um lado, a fragilidade das instituições e, de outro, a força de pessoas ou corporações beneficiadas. É lamentável que, num Estado tão carente de recursos, a arrecadação de impostos continue servindo para contemplar uma minoria privilegiada.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

SUPERSALÁRIOS - Teto de papelão. Promessa apenas no Jornal.


PÁGINA 10 | ROSANE DE OLIVEIRA - Zero Hora, 07/07/2010.

Teto de papelão

Desde outubro de 2007, os gaúchos vivem uma ilusão: a de que os supersalários do Executivo foram cortados pelo governo. Em 27 de outubro daquele ano, Zero Hora publicou uma reportagem com o título Piratini passa tesoura nos supersalários do Executivo. O texto informava, com base em entrevista do então secretário da Fazenda, Aod Cunha, que todos os salários acima de R$ 22.111,25 tinham sido cortados em respeito à aplicação do teto.

A medida saneadora era tratada por Aod como um ato de coragem, que resultaria em economia de R$ 1,6 milhão por ano com o corte do excedente. A tesoura atingia 10 servidores ativos e 24 inativos, a maioria da própria Secretaria da Fazenda. O campeão era um agente penitenciário de R$ 43.829, que tinha perdido quase metade do salário com um canetaço.

Nos dias seguintes, parte dos atingidos recorreu à Justiça para evitar os cortes, ganhou liminar no Tribunal de Justiça, mas o governo sempre sustentou que conseguira derrubar as decisões em Brasília e esperava o julgamento do mérito.

Eis que o Tribunal de Contas do Estado, maior celeiro de marajás da administração pública gaúcha, resolveu fazer um pente-fino nas folhas de pagamento de todos os poderes e descobriu que a história estava mal contada. Antes de chegar ao Executivo, o TCE divulgou os salários que extrapolam o teto na própria casa, no Tribunal de Justiça, no Ministério Público e na Assembleia. Ontem, revelou que na análise de 67,1 mil matrículas já foram identificados 86 servidores, ativos e inativos, ganhando mais do que R$ 24 mil. O teto estadual de hoje, com o último reajuste dos ministros do Supremo Tribunal Federal, é de R$ 24.117,62.

Que fim levaram os cortes alardeados? Alegando que desconhece os resultados da auditoria, a Secretaria da Fazenda não quis se manifestar. A assessoria garantiu que a secretaria “tem aplicado o teto salarial do Executivo desde outubro de 2007, salvo exceções obtidas por servidores na Justiça”.Uma das exceções é o marajá-mor, que tem estorno no contracheque, sim, mas de apenas R$ 6 mil. Não fosse por isso, estaria ganhando mais de R$ 50,4 mil por mês.

AÇÃO DE PAPEL - Poder Executivo do RS prometeu mas não cortou supersalários de seus servidores.

PENTE-FINO. No Executivo, 83 ganham acima de R$ 24 mil. Auditoria do TCE mostra que servidor da Susepe recebe R$ 43,8 mil, maior salário do Estado - Zero Hora, 07 de julho de 2010

Divulgados ontem pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), os resultados da segunda fase do pente-fino nos contracheques dos poderes revela que pelo menos 86 servidores do Executivo ganham acima de R$ 24 mil – entre eles um agente penitenciário aposentado, com o salário recorde de R$ 43.829,47. A varredura, que já havia detectado 744 casos do tipo nas folhas de pagamento de Ministério Público, Assembleia Legislativa, Tribunal de Justiça, Tribunal de Justiça Militar e do próprio TCE, deve continuar.

Nesta etapa, foram examinados os vencimentos de 67,1 mil servidores ativos e inativos da Procuradoria-Geral do Estado (PGE) e das secretarias da Fazenda e de Segurança Pública, incluindo Instituto-Geral de Perícias (IGP), Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), Polícia Civil e Brigada Militar (BM). Dos 86 funcionários que recebem mais de R$ 24 mil – o teto estadual é de R$ 24.117,62 –, três ganham mais do que um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), cujo salário é de R$ 26.723,13.

Entre os órgãos examinados, foi na Secretaria Estadual da Fazenda que os auditores encontraram o maior número de servidores beneficiados por altos salários: 14 ativos e 33 inativos recebem, juntos, R$ 1,1 milhão por mês. Na PGE, que aparece em segundo lugar, são nove ativos e 19 inativos, totalizando R$ 678,3 mil mensais.

Apesar da divulgação desses resultados, o trabalho dos 27 técnicos do TCE que se debruçam sobre as folhas de pagamento ainda não terminou. Segundo o auditor Victor Hoffmeister, o objetivo é esquadrinhar os contracheques de todos os cerca de 300 mil funcionários do Executivo, assim como dos servidores da administração indireta.

– Estamos fazendo um trabalho completo a pedido do presidente do TCE, João Osório, que deve continuar, pelo menos, até o fim deste ano – adiantou Hoffmeister.

Os auditores também pretendem verificar eventuais irregularidades, como a existência de mais servidores do que cargos disponíveis ou se um determinado funcionário tem mais vantagens do que o tempo de serviço admite.

A primeira etapa do pente-fino, divulgada no início de junho, mostrava que o maior salário do Estado pertencia a um servidor inativo do Tribunal de Contas, que recebe R$ 38.346,02, seguido por outro servidor inativo, da Assembleia, com salário de R$ 37.548,35.

Os dois tetos


- Apesar de uma emenda à Constituição Estadual fixar o mesmo teto nos três poderes e órgãos do Estado – atualmente de R$ 24.117,62 –, somente Executivo e Legislativo anunciaram que considerariam esse valor como limite.

- O pente-fino divulgado ontem pelo TCE, no entanto, mostra que pelo menos 86 servidores do Executivo recebem mais de R$ 24 mil. Significa que em boa parte dos casos o teto estaria sendo descumprido.

- No Judiciário, Ministério Público e Tribunal de Contas a interpretação é de que o teto salarial do funcionalismo é de R$ 26.723,13 – mesmo salário de um ministro do Supremo Tribunal Federal.

A construção de um supersalário


Pertence a um servidor da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) o maior salário do Estado. Ele ingressou no serviço público em 1963 e se aposentou em 1993. Confira os detalhes do contracheque segundo Auditoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE)do RS:

Vencimento básico - R$ 737,75
Função gratificada incorporada - R$ 8.212,26
Gratificação adicional - R$ 2.237,50
10 Avanços (benefício referente a 30 anos de trabalho) - R$ 4.475
Risco de vida - R$ 34.770,77 (?deve ser muito arriscado para pagar tanto???)
Subtotal - R$ 50.433,28
Estorno teto constitucional - R$ 6.603,81
Total da remuneração bruta - R$ 43.829,47

sexta-feira, 11 de junho de 2010

TRIBUNAL DE CONTAS DO RS - COMPETÊNCIA


A competência do Tribunal de Contas encontra-se expressa constitucionalmente no artigo 71 da Carta Federal e da Constituição do Estado do Rio Grande do Sul. Fonte: Portal do TCE-RS

A Lei nº 11.424, de 06-01-2000, relativa a Lei Orgânica do Tribunal de Contas e o Regimento Interno do Órgão , através da Resolução nº 544, de 21-07-2000, também definem as áreas de atuação do Tribunal de Contas.

Relacionam-se, a seguir, as principais atribuições do Tribunal de Contas:

* Exercer, com a Assembléia Legislativa, na forma da Constituição, o controle externo das contas dos Poderes do Estado e, com as Câmaras de Vereadores, o mesmo controle na área municipal;

* Emitir Parecer Prévio sobre as contas do Governador e dos Prefeitos Municipais;

* Realizar auditoria contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, acompanhando a execução de programas de trabalho e avaliando a eficiência e eficácia dos sistemas de controle interno dos órgãos e entidades fiscalizados;

* Julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por bens, rendas e valores sujeitos à sua jurisdição, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário;

* Representar ao Governador e à Assembléia Legislativa, ao Prefeito e à Câmara Municipal, sobre irregularidades ou abusos apurados no exercício de suas atividades fiscalizadoras;

* Assinar prazo para o exato cumprimento de lei ou de disposição regulamentar;

* Sustar, se não atendido, a execução de ato impugnado;

* Comunicar, à Assembléia Legislativa ou à Câmara Municipal respectiva, a decisão referida no inciso anterior, ou requerer a sustação, no caso de contratos, ou ainda promover as demais medidas cabíveis para a cessação da ilegalidade;

* Realizar inspeções e requisitar documentos;

* Apreciar, para fins de registro, a legalidade das admissões de pessoal a qualquer título e das concessões iniciais de aposentadorias, transferências para a reserva, reformas e pensões, bem como das revisões, quando for alterada a fundamentação legal do respectivo ato concessor, excetuadas as nomeações para cargos em comissão;

* Exercer sua competência junto às autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista, fundações instituídas ou mantidas pelo Poder Público e demais pessoas jurídicas sujeitas à sua jurisdição;

* Apreciar os contratos de locação de prédios e de serviços firmados entre quaisquer das entidades referidas no inciso anterior e fundações privadas de caráter previdenciário e assistencial de servidores;

* Determinar providências acauteladoras do erário em qualquer expediente submetido à sua apreciação;

* Determinar, a qualquer momento, e quando houver fundados indícios de ilícito penal, remessa de peças ao Procurador Geral de Justiça;

* Aplicar multas e determinar ressarcimentos ao erário.

SALÁRIOS ABUSIVOS NOS PODERES DO RS


Salários abusivos - Editorial Zero Hora, 11/06/2010.

Graças à pressão da sociedade por mais transparência dos atos do poder público, os gaúchos estão agora diante da revelação de que nada menos de 744 servidores do Estado, sem incluir os do Executivo, continuam recebendo normalmente vencimentos acima do teto legal de R$ 24.117,62. Um único funcionário do Tribunal de Contas do Estado (TCE), responsável pelo levantamento, ganha R$ 38,3 mil por mês, enquanto um servidor da Assembleia recebe R$ 37,5 mil, com um detalhe: ambos são aposentados. A simples divulgação e a revolta popular despertada pelos valores exorbitantes, porém, não bastam. É preciso que os salários sejam imediatamente adequados à lei, pois se constituem numa afronta para o cidadão.

Único poder a realmente cortar os valores recebidos acima do teto, o Executivo ainda não teve a varredura concluída, e a divulgação dos resultados deve ocorrer em uma semana. Mas o que foi constatado nos demais poderes é suficiente para provocar indignação. A insistência dos demais poderes em simplesmente congelar os valores nos patamares elevados é suficiente para elevar os gastos com pagamento acima do teto em R$ 18,8 milhões. E isso sem computar o pagamento de vantagens como diferenças de URV e auxílio-moradia, normalmente em montantes consideráveis.

Inadmissível em qualquer hipótese, a resistência no Estado de uma elite burocrática que se vale de corporações fortes no esforço de preservar privilégios e ganhar muito dinheiro é ainda menos aceitável nos dias atuais. O esforço do poder público para manter as contas em equilíbrio, sem recursos para bancar a descentralização da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Fase) e para remunerar dignamente professores e soldados, precisa envolver todos os poderes.

É inaceitável a existência no serviço público de salários acima dos limites fixados pela lei. Mais do que uma despesa para os contribuintes, trata-se de uma afronta que desvirtua a confiança dos cidadãos na administração pública, na Justiça e nos governantes.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA
- Sendo o Legislativo o poder que elabora as leis, o Judiciário aquele que aplica as leis e o Executivo o que tranforma as leis em ato concreto e individual, que motivos fazem os Dirigentes destes poderes serem coniventes com as imoralidades, prevaricações e abusos com dinheiro sacado em imposto do povo, titulares deste poder. Se as leis são elaboradas para não serem aplicadas, o povo do Rio Grande do Sul não devia continuar pagando o alto custo demandado por estas máquinas legislativas e judiciárias tão inoperantes e negligentes.

A CHARGE DO LOBO E DAS GALINHAS

A charge acima representa a voracidade de quem governa em relação ao seu povo. E o TCE é o poder que deveria fiscalizar e impedir estes abusos. Só que não tem força junto ao Legislativo, Judiciário e dentro do próprio poder.

SALÁRIOS ABUSIVOS - Mal-estar e protestos nos poderes após transparência


PENTE-FINO DO TCE. Mal-estar nos poderes após transparência. Divulgação dos valores gastos com salários provocou protestos nos bastidores -ALINE MENDES, ZERO HORA, 11/06/2010.

Diante dos microfones, diretores de poderes e órgãos estaduais se posicionam favoráveis à divulgação de dados da folha de pagamento – mas nos bastidores a medida é vista com antipatia. O pente-fino determinado pelo presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), conselheiro João Osório, enfrenta resistências dentro da própria Corte.

Pelos corredores do TCE, é também visível incompreensão diante da promessa do conselheiro de passar a tesoura nos vencimentos acima do teto. Há pouco mais de uma semana, o presidente recebeu uma carta anônima com ameaças a sua integridade por combater os altos salários. Desde então, ele tem evitado os holofotes.

O pente-fino apontou, por exemplo, que 98 servidores de Assembleia, Ministério Público, Tribunal de Justiça, Tribunal de Justiça Militar e do TCE recebem acima de R$ 26.723,13. Em abril, 744 funcionários receberam acima de R$ 24 mil. Os salários brutos, somados, chegam a R$ 18,8 milhões.

O subprocurador-geral de Justiça para Assuntos Administrativos, Delmar Pacheco da Luz, ressaltou que “houve mais expectativa do que barulho” na divulgação dos dados.

– Termina servindo apenas a um tipo de campanha em que se procura desprestigiar os órgãos públicos como se isso fosse pago por decisão pessoal desse ou daquele – afirmou. Apesar de ser favorável à divulgação, o presidente do Conselho de Comunicação do TJ, Túlio Martins, admitiu que “não se trata de um assunto simpático”. Somente em abril, 6 mil servidores do TJ receberam juntos R$ 6,5 milhões em perdas com a URV. Com a parcela extra derivada de auxílio-moradia, o Judiciário desembolsou R$ 4,9 milhões para pagar 796 magistrados ativos, aposentados e pensionistas.

Zero Hora solicitou aos poderes e órgãos alvos da varredura do TCE a radiografia de um supersalário. O Ministério Público foi o único a divulgar como o servidor do seu quadro conseguiu atingir R$ 30.672,09, maior vencimento entre os funcionários em atividade no Estado (veja quadro nesta página). A Assembleia, por exemplo, forneceu dados superficiais do servidor inativo que recebe R$ 37.548,35. Já o TJ e o próprio Tribunal de Contas, que coordena a auditoria nas folhas, alegaram que, ao dar informações sobre determinado funcionário, poderiam identificá-lo, o que não é permitido pela Constituição.

OS DOIS TETOS
- Apesar de uma emenda à Constituição Estadual fixar o mesmo teto nos três poderes e órgãos do Estado – atualmente de R$ 24.117,62 –, somente Executivo e Legislativo consideram esse valor como limite. No Judiciário, Ministério Público e Tribunal de Contas do Estado (TCE), a interpretação é de que o teto é de R$ 26.723,13 – mesmo salário de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

COMO SE CONSTRÓI UM SUPERSALÁRIO.


Um assessor superior do MP tem o maior salário entre os servidores em atividade no Estado: R$ 30.672,09

- Inicial - O servidor ingressou no MP como assessor de nível superior no dia 15 de abril de 1974. O vencimento básico era equivalente a R$ 7 mil.

- Cargo de Chefia - incorpora ao salário mais R$ 13, 2 mil = R$ 20,2 mil

- 25 anos - recebe outros R$ 5,1 mil de gratificação adicional = R$ 25,3 mil

- Triênios - acumulados durante 36 anos de serviço, faz o salário avançar R$ 12,2 mil (60%) = R$ 37,5 mil ou R$ 37,8 mil como está publicado em Zero Hora.

- 2010 - Por conta de um desconto de cerca de R$ 7 mil por força do abate-teto - corte do percentual que execede o teto - seu vencimento bruto é de R$ 30.672,09.

- Salário Líquido - No caso deste servidor, só é possível reduzir o montante de R$ 7 mil, já que o restante foi incorporado ao salário. O salário líquido corresponde a R$ 22.831,54.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA

Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, assim com os políticos, estão num nível muito baixo de credibilidade, em vista desta postura negligente e omissa diante dos abusos de seus integrantes na promoção de farras, nos auto-reajustes saláriais, na inobservância do teto, na impunidade e na concessão de privilégios corporativistas. Estas incorporações no serviço público deveriam ser revistas e as leis anuladas devido à imoralidade e abuso do recurso público. O interesse coletivo deveria se sobrepor ao individual, especialmente se este individual for agente público pagos com dinheiro público. O Brasil precisa ser um país sério e com leis fortes, respeitadas e aplicadas. Porém, isto depende de Poderes diligentes, atuantes e coativos.

Como podem exigir do povo o cumprimento das leis, se aqueles que a elaboram, executam e deviam aplicar, não cumprem e nem respeitam estas leis e nem a constituição do país que governam?

Se o poder emana do povo, como pode o povo brasileiro tolerar salários abusivos e ilegais nos Poderes de Estado que deveriam governar elaborando, executando, aplicando, fiscalizando e cumprindo as leis do país?

Onde não há justiça e nem controle, as leis, apesar de existirem, é como se não houvesse leis. Com leis ausentes e desrespeitadas, surgem os oportunistas, corruptos e marajás.

PREVARICAÇÃO - é um dos crimes praticados por funcionário público contra a administração em geral que consiste em retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal.

Quem deveria se sentir mal e partir para o protesto é o povo gaúcho, pois atinge o seu rosto, o seu bolso e a sua confiança em poderes que elaboram, executam e aplicam as leis. Sobra para os Poderes a vergonha de ser pegos em flagrante imoralidade e prevaricação.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

SALÁRIOS ABUSIVOS - BENDITA TRANSPARÊNCIA


PÁGINA 10 | ROSANE DE OLIVEIRA - Bendita transparência - Zero Hora 10/06/2010.

Os dados divulgados ontem pelo Tribunal de Contas sobre a remuneração de servidores ativos e inativos do próprio TCE, do Tribunal de Justiça, do Ministério Público e da Assembleia Legislativa têm o mérito de jogar luz sobre os gastos com salários na administração pública. O contribuinte, que paga impostos, tem o direito de saber o que é feito do seu dinheiro e, principalmente, quantos privilegiados estão ganhando acima do teto previsto na Constituição.

Para ser completo, o estudo deveria mostrar como é possível um aposentado da Assembleia chegar à remuneração bruta de R$ 37.548,35, ou de o TCE pagar R$ 38.346,02 para um inativo. Seria interessante mostrar como se forma uma remuneração de R$ 30.316,08, a mais alta paga a um inativo do Tribunal de Justiça, ou de R$ 30.672,09 para uma pessoa em atividade no Ministério Público. Nesses valores não estão computadas as parcelas eventuais pagas por conta de benefícios como a interminável – e questionável – diferença da URV, a chamada Parcela de Equivalência Salarial, nome técnico da compensação pelo auxílio-moradia pago a deputados, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal.

Embora não traga nomes, nem cargos, e não especifique quanto se pagou, individualmente, de URV e auxílio-moradia, o pente-fino do Tribunal de Contas dá pistas interessantes. Com “diferença da URV”, por exemplo, o Ministério Público gastou, em abril, R$ 1,5 milhão. No Tribunal de Justiça, a URV significou, no mesmo mês, R$ 6,5 milhões para ativos e inativos.

O levantamento mostra que o auxílio-moradia (PAE no contracheque) pago a 451 ativos e a 345 inativos do Tribunal de Justiça custou ao contribuinte R$ 4,9 milhões em um mês. O Ministério Público aprovou o pagamento da “PAE”, mas diz que não quitará o débito tão cedo porque não tem dinheiro para isso.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA
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ACIMA DO TETO - 744 servidores do Estado ganham mais de R$ 24 mil.




PENTE-FINO DO TCE. 744 servidores do Estado ganham mais de R$ 24 mil. Somados, salários dos funcionários que superam o teto do Executivo totalizam R$ 18,8 milhões por mês - ALINE MENDES - Zero Hora, 10/06/2010

O pente-fino realizado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) nas folhas de pagamento de Assembleia Legislativa, Ministério Público, Tribunal de Justiça, Tribunal de Justiça Militar e no próprio TCE mostra que 98 servidores ganham mais do que R$ 26.723,13, salário de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Em abril, 744 funcionários receberam acima da faixa de R$ 24 mil. Os salários brutos desses servidores somaram R$ 18,8 milhões, sem contar os pagamentos eventuais como diferenças com a URV e compensação do auxílio-moradia. Apesar de uma emenda à Constituição fixar o mesmo teto para os três poderes e órgãos – hoje R$ 24,117,62 –, somente o Executivo corta os vencimentos que ultrapassam esse valor. Atualmente, os 122 servidores que estão no limite do teto estadual não podem receber um centavo a mais – ainda que tenham direito a outras vantagens.

Em vez de cortar, MP, TJ e TCE adotam a tese do congelamento dos salários acima do teto da magistratura. A Assembleia chegou a cortar supersalários em maio do ano passado, mas em outubro o Judiciário mandou o Legislativo voltar a pagar os valores.

A varredura do TCE nas cerca de 280 mil matrículas do Executivo, que ficou para trás, deve ser divulgada em uma semana. Busca por irregularidades será a próxima etapa

Os 27 auditores que se debruçaram sobre as folhas de pagamento dos outros poderes adotaram como critério a divulgação dos dados em duas partes. Na primeira, constam faixas de remuneração, total de servidores, valores recebidos e percentuais – aquilo que normalmente o servidor recebe. Não é possível identificar, por exemplo, quanto se pagou a cada um dos servidores em vantagens como férias, URV e auxílio-moradia, cujos totais por poder ou órgão são informados em outra tabela.

Somente em maio, 6 mil servidores do TJ receberam R$ 6,5 milhões em perdas com a URV. Com relação à parcela extra derivada de auxílio-moradia, 796 funcionários do TJ ganharam um plus total de R$ 4,9 milhões.

O próximo passo da equipe de auditores será verificar eventuais irregularidades: se existem mais servidores do que cargos disponíveis, se um determinado funcionário tem mais vantagens do que o tempo de serviço admite, desvios de função, além da prática do nepotismo. Nesta mesma fase, um relatório será produzido. Como qualquer processo de inspeção especial, o documento será encaminhado ao relator, que intimará responsáveis no caso de irregularidades. Depois, seguirá para julgamento.

TCE: 96 servidores do RS ganham acima do teto constitucional. Segundo levantamento, 66 dos que recebem acima R$ 26.723 estão no próprio Tribunal de Contas. Eduardo Matos - Zero Hora, 09/06/2010.

Noventa e seis servidores do RS ganham acima do teto constitucional, salário de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). O levantamento é do Tribunal de Contas do Estado (TCE).

Segundo o Tribunal, 66 dos 96 servidores que ganham acima R$ 26.723 estão no próprio TCE. A maior remuneração chega a mais de R$ 38 mil, de um funcionário inativo do Tribunal de Contas. Com esses levantamentos, serão abertos processos no TCE, que podem resultar na devolução de valores. São listados servidores da Assembleia Legislativa, Ministério Público Estadual, do próprio TCE, do Tribunal de Justiça e do Tribunal de Justiça Militar. A lista só será finalizada nos próximos dias, devido ao grande número de matrículas do Executivo. No total, 27 auditores participam desta inspeção especial, que contabiliza somente a folha de abril. Um levantamento completo levará em conta os pagamentos desde janeiro de 2008

Auditoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Dados do Executivo ainda estão em análise. Veja quantos servidores receberam acima de R$ 24 mil nos poderes e órgãos
do Estado no mês de abril:

NÚMERO DE SERVIDORES E TOTAL PAGO.

Assembleia Legislativa:
Ativos 17 - R$ 420.517,74
Inativos 38 - R$ 1.014.770,20

Ministério Público:
Ativos 108 - R$ 2.682.296,09
Inativos 128 - R$ R$ 3.142.647,85

Tribunal de Contas do Estado:
Ativos 62 - R$ 1.713.706,59
Inativos 83 - R$ - 2.346.119,89

Tribunal de Justiça:

Ativos 127 - R$ 3.079.717,10
Inativos 161 - R$ 3.905.747,02

Tribunal de Justiça Militar:
Ativos 7 - R$ 176.376,09
Inativos 13 - R$ 334.824,59

TOTAL 744 - R$ 18.816.723,16

Abaixo, os vencimentos mais elevados de cada órgão:

Assembleia Legislativa
- R$ 37.548,35 (servidor inativo)
Ministério Público - R$ 30.672,09(servidor ativo)
Tribunal de Contas do Estado - R$ 38.346,02(servidor inativo)
Tribunal de Justiça - R$ 30.316,08(servidor inativo)
Tribunal de Justiça Militar - R$ 30.316,11 (servidor inativo)

Peso dos altos salários.

Considerados os vencimentos superiores ao teto nos cinco poderes analisados pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), o seu peso no total das respectivas folhas de pagamento pode ser grande. Abaixo, está destacado, em percentual, quanto do total dos vencimentos está comprometido com os salários acima de R$ 24 mil:

TCE – 25,2%
Tribunal de Justiça – 7,8%
Tribunal de J. Militar – 38,4%
Assembleia Legislativa – 7,3%
Ministério Público – 18%

QUEM PAGA ESTA CONTA?

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