Interesses pessoais e corporativos alterando leis, desrespeito ao teto previsto, disparidades entre o maior e o menor salário, discriminação entre cargos assemelhados e discrepâncias no pagamento de salários, subsídios e vantagens discriminam os servidores públicos, afrontam princípios republicanos, estimulam desarmonia, criam divergências, alimentam conflitos e promovem privilégios a uma oligarquia no serviço público.
Ministro Carlos Ayres Britto, presidente do STF ao cassar uma liminar que impedia a publicação de forma individualizada das remunerações.
sábado, 17 de março de 2012
PROTESTO CONTRA O ABISMO
WANDERLEY SOARES, O SUL
Porto Alegre, Sábado, 17 de Março de 2012.
O governo tem conseguido dividir em castas todos os diversos segmentos das organizações policiais com a alquimia salarial da cizânia.
Num papo informal com o professor Romeu Karnikowski, cientista atualizadíssimo na área da segurança pública do País e, especialmente, do Rio Grande do Sul, sempre com os pés no chão, conhecedor de todas as agruras tanto da Polícia Civil como da Brigada Militar e direcionando seu conhecimento para o clamor da sociedade na busca de não temer o convívio com a sua própria cidade, disse-me ele sobre pontos fundamentais dos acontecimentos de ontem que agitaram o Centro Histórico da nossa Porto Alegre de 240 anos. Entendo os esclarecimentos do professor Karnikowski, que espelham o ambiente entre os agentes da Polícia Civil que está entre as organizações policiais que recebem os mais baixos salários do País, mas não creio, na condição de um humilde marquês, que o governo da transversalidade mude sua rota que, até agora, tem conseguido dividir em castas, com alquimia burocrática e escorregadia, todos os segmentos dos profissionais da segurança pública. Sigam-me.
Abismo
Falou-me assim Karnikowski: "Na assembleia geral realizada no pátio do Palácio da Polícia, com a presença de mais de dois mil policiais, a maior da história da categoria, a proposta que determina um fosso de 15 mil reais entre os salários iniciais dos agentes e dos delegados e que perpetua um brutal arrocho salarial, foi rejeitada por unanimidade pelos agentes de polícia filiados à Ugeirm-Sindicato. Foi também determinado nesta assembleia o aprofundamento do movimento ?Cumpra-se a Lei', pois, mesmo os agentes sendo carreira de nível superior, as atribuições atinentes ao inquérito e flagrantes são atribuições dos delegados. No entanto, eram os agentes que vinham há anos realizando esses encargos. Os agentes não são contra os salários dos delegados, mas, sim, contra o abismo estabelecido entre as categorias da Polícia Civil gaúcha. É o governo que tem que resolver esse nó górdio que ele mesmo atou. Neste sentido, os agentes simplesmente querem o cumprimento da tabela salarial que a Ugeirm apresentou já no ano passado, no qual consta a verticalidade remuneratória com base no delegado de quarta classe. Só assim esse abismo gigantesco construído pelo Executivo será solucionado. Para tanto, o Piratini deve cumprir a tabela apresentada pela Ugeirm com a verticalidade, pois isso é simples para um governo que toda semana se ufana de que está bem na arrecadação e na condução econômica do Estado. Este bem estar deve, obrigatoriamente, ser levado para a segurança pública".
Novelas
As pessoas que não são afetadas, diretamente, pelos mais baixos salários do País ficam irritadas com as manifestações como as realizadas, ontem, no Centro Histórico da Capital, pelos profissionais da Polícia Civil e do magistério. Para essas pessoas, tais movimentos sociais deveriam ser realizados no Sambódromo, pois, assim como está, muitas estão perdendo a primeira metade de suas novelas.
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Excelente matéria do saudoso Wanderley Soares
ResponderExcluirGrande e saudoso Wanderley Soares
ResponderExcluirInfelizmente sempre quem perde com esses desaforos dos governantes é o povo, o pior é que a sociedade só irá perceber quando não puder ser feito nada, vejamos: quando um pai não cuida de seu filho, alguém sempre cuida.
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