- "Remuneração dos agentes públicos constitui informação de interesse coletivo ou geral."
Ministro Carlos Ayres Britto, presidente do STF ao cassar uma liminar que impedia a publicação de forma individualizada das remunerações.

quinta-feira, 15 de março de 2012

SALÁRIOS MAIORES RESULTAM EM REDUÇÃO DO EMPREGO


OPINIÃO, O Estado de S.Paulo, 15/03/2012


A divulgação pelo IBGE da Pesquisa Mensal de Emprego e Salário em janeiro e os mesmo dados reunidos pela Fiesp para o Estado de São Paulo em fevereiro alertam que o setor industrial, nos últimos meses, entrou numa fase de perda de emprego .

Os dados do IBGE, de janeiro, estão oferecendo uma fotografia muito nítida da situação na indústria nacional. Em relação ao mês anterior o montante de pessoal ocupado teve queda de o,3%, o número de horas pagas caiu 0,2% e, no entanto, a folha de pagamentos real cresceu 5,1%, segundo os dados, com ajuste sazonal. São dados que evidenciam um recuo da atividade, mas que parece ter origem na elevação dos salários, sob o impacto do reajuste do salário mínimo, que contaminou as demais remunerações, aumentando assim os custos de produção num momento em que se patenteava a falta de competitividade da nossa indústria, e não apenas em razão de uma taxa cambial supervalorizada.

Nesta condição, a indústria nacional parece não ter outra solução a não ser a de reduzir o contingente de mão de obra empregado.De fato, verifica-se que a mão de obra empregada caiu, em janeiro, em 8 dos 14 setores investigados.

É preciso lembrar que desde agosto do ano passado a folha de pagamento real cresceu 7,1%, o que se verificou em todos os setores analisados.

A queda do emprego na indústria tem efeito muito rápido sobre toda a economia, afetando o nível de demanda global.

Nessa perspectiva, temos os dados da Fiesp para o Estado de São Paulo do mês de fevereiro. O IBGE tinha registrado 2,08% de queda da produção no Estado de São Paulo em janeiro, dados que incluem a mineração. A Fiesp apresenta um aumento de 0,10% em média, mas que é inflado pelo aumento de 5,3% das atividades do setor de açúcar e álcool, enquanto os demais setores apresentam uma queda de 0,2%, que se acrescenta ao recuo de 1,1% em dezembro e 0,1% em janeiro.

Estamos presenciando um processo acumulativo de queda do emprego na indústria, que exige medidas fortes para impedir um o seu aprofundamento, pois se trata de uma atividade importante para elevação da média do valor adicionado.

Não podemos esquecer que o Brasil parecia uma brilhante exceção no mundo quanto ao nível de emprego, apesar de uma falta de mão de obra especializada. Continuamos sentindo essa falta, mas já entramos num processo de elevação do desemprego, que poderá aumentar ao se concentrar na indústria.

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