O salário mínimo e o salário dos pais-da-pátria: um abismo separa o país real do Brasil Maravilha guardado no cartório - AUGUSTO NUNES, DIRETO AO PONTO, REVISTA VEJA, 17/02/2011
Entre o salário-mínimo reajustado pela Câmara (R$545,00) e o salário dos que aprovaram o reajuste (R$ 26.723, 13, depois do aumento de 61,8% que se concederam em dezembro), a diferença é de R$ 26.178,13. Essa quantia equivale a
131 bolsas-família.
476 quilos de picanha.
1.189 quilos de carne de contrafilé
11.382 quilos de arroz
4.363 quilos de feijão-fradinho
9.027 passagens do metrô de SP
1.454 ingressos para o cinema
52 bicicletas Caloi Aro 26
22 televisore Samsung LCD 32 polegadas
18 geladeiras Brastemp 342 litros
131 pares de tênis Nike Air Max
1 carro popular
145 passagens de ida e volta na ponte aérea Rio-SP
1.047 livros infantis
1.745 DVDs
21 computadores pessoais (notebook HP com processador Intel Dual Core, 3 gigabytes de memória e HD de 320 Gigabytes)
3.022 frascos de óleo de peroba
Em dezembro, Lula e Dilma Rousseff não viram nada de errado no aumento repulsivo aprovado pelo Congresso que controlam. O discurso da austeridade não vale para os parceiros que, somados os demais benefícios, embolsam mais de R$ 1 milhão por ano. Neste fevereiro, o ex-presidente e a sucessora impuseram a quantia endossada pela imensa maioria da Câmara. Os dois garantem que governam para os pobres. Segundo números oficiais, 47,7 milhões de brasileiros sobrevivem com um salário mínimo ou menos. Se Lula, Dilma e seus parceiros tentassem atravessar um mês com R$ 545,00, conheceriam o abismo que separa o país real do Brasil Maravilha que só existe na papelada que seu inventor guardou num cartório.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Nós não podemos nos queixar desta disparidade salarial que criou o abismo. Foram nossos representantes, eleitos pelo voto, que fizerem isto em nosso nome (o poder emana do povo), que tomaram a decisão de perceberem salários abusivos e auferirem vantagens, deixando para seus eleitores com um salário miserável que não atende as necessidades previstas em lei e o ônus de pagar o custo com impostos elevados. Somo nós os culpados por colocar pessoas deste nível focadas em interesses pessoais e corporativos para mandatos de tamanha importância para o bem comum da nação. É que nós, brasileiros, estamos muito acomodados, dormindo em berço esplêndido, recebendo pão e circo, e aceitando passivamente estas medidas absurdas, imorais, ilegais e discriminatórias.
NÃO PODEMOS NOS QUEIXAR DAQUILO QUE FIZEMOS ERRADO, MAS PODEMOS MUDAR - É SÓ QUERER.
Interesses pessoais e corporativos alterando leis, desrespeito ao teto previsto, disparidades entre o maior e o menor salário, discriminação entre cargos assemelhados e discrepâncias no pagamento de salários, subsídios e vantagens discriminam os servidores públicos, afrontam princípios republicanos, estimulam desarmonia, criam divergências, alimentam conflitos e promovem privilégios a uma oligarquia no serviço público.
Ministro Carlos Ayres Britto, presidente do STF ao cassar uma liminar que impedia a publicação de forma individualizada das remunerações.
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