O que leva à pobreza e à riqueza - ITAMAR MELO, zero hora 31/07/2011
O Censo revela: municípios de terreno acidentado, com economia baseada na pequena propriedade e na agricultura familiar, têm as maiores proporções de pobreza extrema no Estado. O levantamento do IBGE revela também que cidades com o mesmo perfil têm as menores proporções de pobreza extrema no Rio Grande do Sul.
No primeiro caso, está se falando de áreas do norte gaúcho e da Serra do Sudeste (no sul). No segundo, da Serra. Como explicar que regiões tão parecidas produzam situações econômicas tão díspares? Segundo o pesquisador da Pobreza Rural Paulo Waquil, da Faculdade de Economia da UFRGS, o motivo está no tipo de agricultura familiar em cada região. A diferença entre riqueza e pobreza reside na diversificação.
– Na Serra, a produção rural está integrada com outros setores, como o turismo e a indústria – diz o professor.
Outra vantagem é que, por causa da força da economia serrana, há sempre um membro da família que mora no campo mas trabalha na cidade. Isso cria uma fonte a mais de renda.
Isso tudo é o oposto do que ocorre em regiões empobrecidas como o Alto Uruguai e a Serra do Sudeste. Lá, não há diversificação. O agricultar planta grãos, o mesmo produto da grande lavoura mecanizada, mas a pequena escala inviabiliza seu negócio. Ele não tem como competir no mercado. Consumidores e agroindústrias estão muito distantes. Sem emprego em cidades próximas, os jovens migram para longe.
– Se a população foi embora, não há riqueza, porque população é o maior recurso para o desenvolvimento – observa Nedio Piran, professor na Universidade Regional Integrada (URI) em Erechim.
A dificuldade é que não basta copiar o modelo da Serra. Lá, a impossibilidade de mecanização foi driblada por meio de culturas em que ela não é importante, como os hortigranjeiros. Isso foi possível porque a região serrana está próxima de mercados consumidores. Os grotões do norte, não. A busca de diversificação, por particularidades como essa, deve trilhar caminhos diferentes. Entre as alternativas, estaria criar cadeias de produção de leite e de suínos, ligadas a agroindústrias.
Em terra de Bolsa-Família, quem tem aposentadoria é rei. Essa é a regra nos grotões rurais empobrecidos do Estado, em que vigora a agricultura de subsistência e onde o dinheiro que circula é o das transferências federais. Pequenos proprietários que passaram a vida cortejando a miséria anseiam pela idade de se aposentar – 60 anos para os homens, 55 para as mulheres – para ver sua renda se multiplicar.
Dono de sete hectares em Vicente Dutra – município que tem 18% da população em situação de extrema pobreza, o sexto pior índice do Estado –, Jaci Correia da Silva, 71 anos, obteve a benesse em dose dupla. Ele e a mulher conseguiram o benefício. Recebem R$ 1.080.
– O que eu tirava durante um ano, no tempo em que trabalhava, agora ganho em um mês. Fiquei rico – festeja Jaci.
A primeira providência dele, ao se aposentar, foi abandonar o cultivo da propriedade, uma encosta com inclinação de 45 graus à beira do Rio Uruguai. Transformou o casebre de uma vida toda em casa, construiu um banheiro, que nunca na vida teve, adquiriu móveis, eletrodomésticos e uma motosserra, passou a ter carne na mesa. Desinteressado da terra, acaba de entregá-la ao filho Vilmar Correia da Silva, 36 anos, que vive com a mulher e os dois filhos pequenos, tendo como única renda fixa os R$ 130 do Bolsa-Família. Jaci ajuda pagando a conta da luz.
– Eu sofri muito aqui. Plantava o paredão de cima a baixo para pagar a terra. Tinha ano em que não tirava nem para o sustento. Agora chegou a vez do meu filho sofrer – diz Jaci.
Encurralados pelo Rio Uruguai, espremidos no meio de morros de acesso complicado e distantes de cidades para onde possam escoar a produção, grande parte dos moradores de Vicente Dutra se vê diante de duas opções: enfrentar a pobreza ou ir embora. De 2000 a 2010, o município perdeu 14% dos habitantes.
NA FONTE, VEJA A POSIÇÃO DE SUA CIDADE NO RANKING DA EXTREMA POBREZA.
http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a3423257.xml&template=3898.dwt&edition=17635§ion=1003
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - É o retrato de um país injusto que mostra o poder ambientado no luxo e nas farras com dinheiro público, enquanto uma parte do povo vive na extrema miséria dependendo do esforço, dedicação e sacrifício familiar para um mínimo de conforto e alimentação.
VEJA AS CONDIÇÕES DE MORADIA DOS NOBRES DEPUTADOS:
Câmara oferece apartamentos de R$ 2,5 milhões - FOLHA.COM ONLINE, 31/07/2011 - 09h43
Depois de passar por uma ampla reforma, os apartamentos funcionais da Câmara estão praticamente prontos. São 144 deputados que vão morar em imóveis avaliados em R$ 2,5 milhões, informa reportagem de Maria Clara Cabral.
São quatro quartos, duas suítes, closet, banheira de hidromassagem e duas dependências de empregada, entre outros, distribuídos em cerca de 215 metros quadrados de área privativa. Eles serão entregues com mobília "básica": camas, sofá, mesa de jantar, geladeira, fogão, micro-ondas e máquina de lavar. Dois blocos, com 24 apartamentos cada, foram entregues no mês passado. Outros quatro serão entregues quinzenalmente a partir de agosto. Todos estão localizados na superquadra 302 Norte, área nobre de Brasília.
Nas reformas, foram gastos cerca de R$ 10 milhões por bloco, ou seja, R$ 416,6 mil por apartamento, ao longo de três anos.
ASSISTA O DISCURSO DA PRESIDENTE:
POLÍTICAS PÚBLICAS DEVEM COMBATER A EXTREMA POBREZA - NBR NOTÍCIAS - 01.06.11
O Brasil sem Miséria vai reunir políticas públicas para acabar com a extrema pobreza no país. Hoje, são mais de 16 milhões de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza.
Interesses pessoais e corporativos alterando leis, desrespeito ao teto previsto, disparidades entre o maior e o menor salário, discriminação entre cargos assemelhados e discrepâncias no pagamento de salários, subsídios e vantagens discriminam os servidores públicos, afrontam princípios republicanos, estimulam desarmonia, criam divergências, alimentam conflitos e promovem privilégios a uma oligarquia no serviço público.
Ministro Carlos Ayres Britto, presidente do STF ao cassar uma liminar que impedia a publicação de forma individualizada das remunerações.
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